Review | The Expanse: A Telltale Series surpreende mas não impressiona

A Telltale Games, conhecida por seus jogos episódicos e totalmente focados em narrativa com escolhas que impactam o gameplay, anunciou o fechamento completo em 2018. Quase que um ano depois, a desenvolvedora foi revivida por investidores. Na época, deixando muitos fãs de seus jogos animados, principalmente os que sonham com a continuação de The Wolf Among Us.

O fechamento da empresa se deu devido a maus resultados em seus jogos. Que sempre seguem a premissa de adaptar ou se basear em obras já lançadas, como Game of Thrones, Batman, Guardiões da Galáxia e entre outros. Mas que principalmente, a falta de evolução e profundidade no enredo de suas obras foi o que contribuiu para o fim do estúdio.

Agora em 2023, a Telltale Games retorna com o seu primeiro lançamento desde a nova Era. The Expanse, baseado na série televisiva de mesmo nome, ambientada no espaço, duzentos anos no futuro, onde a humanidade colonizou Marte. Além de Marte, os humanos colonizaram vários asteroides, surgindo assim o Cinturão. E diferente de outras obras espaciais, The Expanse se concentra em uma briga política. Mas será que após tantos anos a Telltale evoluiu ou continua parada no tempo? Vem comigo conferir tudo isso na review a seguir.

Um bom retorno da Telltale, mas poderia ser melhor

Como citei anteriormente, The Expanse é adaptado na série televisiva de mesmo nome, se passando antes dos eventos vistos na série. No jogo assumimos o papel de Camina Drummer, uma cinturiana (belter) que faz parte de uma tripulação de sucateiros, comandados por Garrison Cox. Após alguns eventos iniciais, Camina Drummer assume o comando da nave Artemis. Nossa missão se resume em investigar e recolher sucatas de uma nave supostamente destruída.

Partindo desse ponto, o jogo traz um foco narrativo aos padrões Telltale de jogos anteriores, onde temos muitos diálogos e algumas decisões que impactam diretamente com consequências. O jogo ainda explora um mapa espacial linear, onde podemos explorar para encontrar coletáveis, arquivos de áudio e texto, que trazem informações sobre a lore do jogo e referências a série.

Um fator positivo nesse novo retorno da Telltale Games com The Expanse, foi a dinâmica de escolhas. O jogo oferece consequências mais impactantes na história, lembrando bastante seus primeiros jogos, como o próprio The Wolf Among Us, já citado anteriormente e The Walking Dead, ambos que foram bastante elogiados na sua época. Isso faz com que tenhamos que repensar bem nas decisões a serem tomadas e garante um fator replay.

Falando em fator replay, consegui explorar diferentes cenas finais do jogo. O que deixa as coisas mais animadoras, principalmente para os fãs da série, já que a exploração do mapa, mesmo que linear, seja algo divertido de fazer, ainda mais nos momentos de diferentes gravidades, onde temos que ‘voar’. Mas a progressão entre os capítulos, funcionando de uma mesma maneira em todos eles, acaba se tornando algo repetitivo.

E por falar em capítulos…

A Telltale retorna, mas velhos hábitos continuam. A desenvolvedora aposta no velho modelo de episódios, que por um lado faz parecer que você está jogando uma “série”, uma vez que cada episódio é em média 1 hora. Mas por outro lado, tira e muito o dinamismo da gameplay, visto que sempre se encerra quando as coisas finalmente começam a acontecer. Vem uma extensa cutscene e começa o próximo episódio no ritmo lento de novo.

Além do modelo episódico, que no momento já foram todos lançados, a Telltale traz de volta o resumo de decisões ao final de cada um deles. Para comparar com a de outros jogadores, deixando aquele gostinho de repetir outras vezes e fazer cada caminho diferente. Vale destacar que apesar de todos os cinco episódios terem saído até agora, ainda há um bônus para ser lançado, que até o momento dessa análise não recebeu data de lançamento.

The Expanse é bonito, mas não impressiona

Com uma evolução gráfica bem aparente, sendo o título mais bonito da Telltale até então, contando ainda com expressões faciais bem mais detalhadas. O jogo ainda peca no seu design simples e aspecto cartunizado, onde poderia contar com gráficos mais realistas.

Além dos gráficos simples, o jogo ainda traz a velha jogabilidade travada da Telltale de volta. Onde o personagem se movimenta extremamente robotizado e pouco responsivo aos controles. E claro, não deixaram de fora os QTEs em excesso. Todo o combate do jogo se resume a QTE, sendo algo para mim, bem decepcionante essa falta de evolução nesse quesito.

A ambientação do espaço, das naves e locais que exploramos não deixa a desejar em nenhum momento. Sendo um dos pontos mais altos do jogo para mim, já que tudo lembra bastante o que é visto na série. E ainda conta com uma dublagem original impecável, já que os personagens da série vistos aqui, são os próprios atores que dão a voz. Inclusive Camina Drummer sendo vivida por Cara Gee, repetindo o trabalho fantástico da série aqui no jogo.

Vale a pena, mas não para todos

The Expanse: A Telltale Series traz uma narrativa interessante, de eventos que antecedem a série, mas que pode afastar jogadores pelo seu ritmo lento. Algo que já é conhecido por quem acompanhou ou acompanha a adaptação de TV. Servindo como um prato cheio para os fãs da série e um jogo que vale muito a pena ser apreciado. E para os fãs da Telltale, o jogo retorna com tudo aquilo que a desenvolvedora já sabe fazer, sem tantas evoluções aparentes.

O jogo ainda traz alguns personagens importantes da série, que não vou citar aqui para não estragar a experiência. E finaliza de forma majestosa para nos apresentar mais da personagem Camina Drummer, preenchendo lacunas que são vistas em vários dos personagens da série. Outro ponto que vale destacar, é que diferente da série, aqui os personagens tem suas motivações e passados explicados de forma rápida, deixando tudo menos confuso. Mas que mesmo assim, pode não prender ‘espectadores’ que desconhecem a série.

Amante de Games desde criança e viciado em caçar platinas. Profissional de TI nas horas vagas. Você me encontra no X: @gdouglas97