Imagine se as mentes por trás de Resident Evil, Silent Hill e os jogos de Suda51 (Killer7, No More Heroes) unissem forças para criar um jogo. Essa colaboração aconteceu em 2011 com o lançamento de Shadow of the Damned.
Embora tenha passado despercebido na época, com o tempo, o jogo conquistou uma base de fãs cult, atraindo atenção pelos seus elementos de terror psicodélico, personagens icônicos e um Inferno único e grotesco.
Agora em 2024, Shadow of the Damned está de volta às plataformas modernas com o subtítulo Hella Remastered. No entanto, diferentemente da onda de remakes que inova e moderniza jogos clássicos, este é um port quase sem alterações significativas, visando apenas manter o título acessível. Mas será que vale a pena revisitá-lo? Até para aqueles que já o jogaram em 2011?
Agradecemos a NetEase Games por nos fornecer a versão de PlayStation 5 para realizar o review.
Do que se trata o jogo?
O enredo de Shadow of the Damned é simples e direto. O jogador assume o papel de Garcia Hotspur, um destemido caçador de demônios. Garcia é latino, exibe uma estética de motoqueiro durão e está determinado a salvar sua namorada, Paula, que foi sequestrada pelo senhor dos demônios, Fleming. Este vilão, poderoso e sádico, leva Paula ao seu domínio infernal, desafiando Garcia a atraves
A representação do inferno é diferente do que estamos acostumados a ver em outras mídias. Diferente das representações tradicionais de fogo e sofrimento, o jogo apresenta um submundo surreal, onde elementos grotescos se misturam ao psicodélico.
Essa visão distorcida do Inferno reflete o estilo caótico e visualmente impactante pelo qual Suda51 é conhecido. Desde ruas cobertas de carne e sangue a criaturas que parecem pesadelos vivos, o jogo se destaca por um cenário que se transforma constantemente, sempre desafiando as expectativas e imergindo o jogador em um espetáculo de horror e maravilhamento.
Uma jogabilidade familiar
Em termos de jogabilidade, Shadow of the Damned é um jogo de ação em terceira pessoa que tem suas raízes em mecânicas estabelecidas por Shinji Mikami em títulos como Resident Evil 4.
O combate é focado em um ritmo rápido e intenso, em que Garcia enfrenta hordas de inimigos com uma variedade de armas e habilidades. A principal mecânica do jogo é a interação entre luz e escuridão, que influencia diretamente o combate e a resolução de quebra-cabeças.
A luz e a escuridão não são apenas elementos visuais, mas também estratégicos. Muitos inimigos, por exemplo, só podem ser derrotados quando expostos à luz, o que leva o jogador a manipular o ambiente para enfraquecê-los antes de atacar.
O jogo oferece ferramentas como a “lanterna” de Johnson para criar pontos de luz temporários e enfraquecer demônios cobertos pelas sombras. Essa dinâmica única exige que o jogador gerencie o ambiente enquanto lida com ameaças constantes.
Por outro lado, essa mesma mecânica de luz e escuridão, pode se tornar um pouco repetitiva, especialmente nas fases finais. A falta de variação na forma de abordar os quebra-cabeças e o combate pode fazer com que o jogo pareça um pouco arrastado para jogadores que preferem mais variedade.
Alguns erros permanecem
Apesar da jogabilidade ser interessante, o jogo apresenta alguns problemas técnicos, especialmente nesta remasterização. O sistema de mira, por exemplo, é um dos maiores pontos de frustração: quando o inimigo está próximo, é comum que a mira trave ou que os tiros sejam imprecisos, independentemente de onde o jogador aponta. Em um jogo com combate constante, isso afeta significativamente a fluidez e a precisão dos encontros, tornando alguns combates mais desafiadores e frustrantes do que o necessário.
Outro problema notável é a performance inconsistente do jogo. A versão para PlayStation 5 prometia rodar em 60 quadros por segundo, mas apresenta quedas frequentes de FPS, inclusive durante combates mais intensos. A necessidade de movimentos rápidos e de respostas ágeis se torna um desafio adicional quando o jogo não mantém uma taxa de quadros estável. Esse problema foi particularmente frustrante em momentos críticos, onde as quedas de performance levaram a mortes desnecessárias, prejudicando a experiência.
Um ponto que decepciona, especialmente para o público brasileiro, é a ausência de legendas em português. Com a popularização de jogos localizados, a falta de suporte ao idioma pode ser um empecilho para aqueles que preferem jogar em português. Para um jogo que depende tanto de diálogos e de uma narrativa única, essa exclusão pode afastar jogadores que gostariam de aproveitar a experiência em seu próprio idioma.
Conclusão
Apesar das poucas mudanças, Shadow of the Damned: Hella Remastered ainda é uma oportunidade valiosa para preservar este título único para a nova geração de consoles e PCs. A narrativa surreal, a atmosfera psicodélica e a mecânica de luz e escuridão tornam a jornada de Garcia Hotspur ao Inferno uma experiência como poucas outras. Contudo, a falta de melhorias técnicas, os problemas de desempenho e a exclusão da localização em português são aspectos que podem limitar a experiência.
Para quem jogou o original, revisitar Shadow of the Damned pode ser uma chance de relembrar o que torna este jogo especial. Já para novos jogadores, especialmente aqueles interessados em experiências de terror com elementos de ação e com uma boa dose de humor ácido, o jogo oferece uma imersão profunda em um pesadelo visual e sonoro.
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