The Boys, Ryan com fantoche do Capitão Pátria. Fonte: Prime Video
The Boys, temporada 4, episódio 7

Crítica | The Boys – 4×7: a televisão é o maior dos Supers

O episódio 7 da quarta temporada de The Boys trouxe à tona algo que todos sabíamos: o verdadeiro e maior Super da série é a mídia, incluindo a televisão. É verdade que os Supers, dotados de V em suas veias, são muito fortes. E é mais verdade ainda que a sua força é ainda maior quando seus ideais recebem verba o suficiente para serem espalhados de forma eficiente, na língua do povo, na televisão.

Mas vamos do início…

Tudo é sobre traição, até que não seja mais. Somente neste episódio de The Boys há cerca de 3 ou mais personagens se traindo e destraindo continuamente. Em primeiro lugar: Bruto parece estar atrás de redenção, finalmente parando de ouvir o diabinho em seu ouvido que implora por genocídio. Depois, temos a relação do Francês com a Kimiko – que finalmente conta sua relação com a menina misteriosa, uma companheira que ela machucou em um dos piores períodos de sua vida – avançando após ele sair da cadeia, ainda se sentindo culpado, mas encontrando nela um refúgio.

Além disso, há ainda o Trem-Bala, que não apenas colabora com Os Meninos, como vai pessoalmente defendê-los do Profundo e Noir, revelando assim a sua traição e, definitiviamente, correndo perigo de vida (mais).

Em contrapartida, Neuman continua sua aliança com o Capitão e a Vought e a Sábia ainda continua com o seu jogo com o Capitão. Pelo menos, até ele descubrir que ela sabia sobre o Trem-Bala. Será que essa é a chance dela colocar em prática sua real intenção? Tudo isso enquanto a Espoleta ainda corre atrás do Capitão como uma criança desesperada por validação. Sinceramente, espero que o destino da personagem não se resuma a isso.

O passado ainda persegue cada personagem

Crítica | The Boys – 4×7: a televisão é o maior dos Supers
(Foto: Reprodução/Prime Video)

Nesta temporada, vimos o Francês se martirizar pelo seu passado; conhecemos um pouco mais sobre a história da Kimiko e até do Capitão Pátria. Contudo, uma das pessoas que mais sofrem com isso é a Annie, que ao tentar proteger sua mãe do perigo – como o Leitinho também fez com a sua família –, recebe desprezo da parte dela por conta da Annie ter feito um aborto. Além disso, a mãe dela também sabe que Hughie guarda o seu uniforme de Luz-Estrelar, o que também traz lembranças pouco confortáveis para ela.

Outro passado que conhecemos na série é o da Ashley, CEO da Vought. Sua provável sede de ascensão e poder a tiraram do que ela, aparentemente, acreditava: o socialismo. Sua foto com a camiseta do Che Guevara é uma surpresa engraçada e eu só consigo em perguntar o porquê daquela foto estar em seu escritório…

O gore está de volta (de verdade)

Que The Boys é uma série que abusa da violência gráfica, isso todos sabemos. Mas os últimos episódios estavam relativamente “fraco” para a fama que a série construiu. Contudo, no episódio 7, eles abusaram do desconforto sempre que puderam.

Isso não é negativo, aliás, eles obtiveram sucesso (de novo) nas situações repulsivas. Uma das cenas mais acertadas foi a do Tece-Teia com o seu sangue, carne e teia. O excesso de fluidos e o constrangimento da situação produz uma sensação de nojo e desconforto difícil de assistir – especialmente às 09 da manhã, como foi o meu caso.

Como se isso não fosse o suficiente, também conhecemos uma nova super metamorfa que, literalmente, troca de pele tirando pedaços de sua carne para se transformar.

Finalmente, a TV

Desde a primeira temporada, The Boys deixa claro quem realmente manda: a mídia. Isso nunca foi um segredo e nunca foi sutil. Contudo, é interessante notar a resistência de Ryan perante tudo o que fazem ele encenar, como foi o caso da programação de Natal com fantoches pedindo para as crianças denunciarem seus pais ou professores “socialistas” e “doutrinadores”.

A musiquinha e ambientação contribuem para gerar a confiança da criança, fazendo com que ela não pense 2x antes de tomar uma ação: denunciar quem quer que seja pelo bem de seus Supers.

Esse é um golpe baixo, visto que segue uma lógica semelhante a da propaganda infantil, que se aproveita do baixo senso crítico das crianças para lucrar e conquistar o que deseja. Apesar do Ryan ser muito jovem, o fato dele estar inserido ali e ainda não ter sido “contaminado” é impressionante. Nesse caso, ponto positivo para a sua mãe e, querendo ou não, para o Bruto.

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Estudante de Tradução e redatora há mais de 2 anos.