Review | Avatar: Frontiers of Pandora é a beleza gráfica em sua melhor forma

Para quem não se recorda, ou desconhece, em 2009 em paralelo a estreia do primeiro filme, a Ubisoft lançou Avatar: The Game. Que em uma tentativa de repetir o sucesso do filme aos videogames, não foi bem sucedido. Mas desta vez Avatar: Frontiers of Pandora chega, com uma Ubisoft já muito mais consolidada ao mercado, com grandes franquias como Assassin’s Creed.

Em mais uma tentativa da Ubisoft, em transportar o universo de Avatar para os jogos, após longos 14 anos. Avatar: Frontiers of Pandora debuta apenas a atual geração de consoles, na tentativa de entregar uma qualidade muito mais ambiciosa que seu anterior, seja em gráficos ou no escopo do jogo como um todo.

Apenas um pouco da enorme Pandora – Foto por Genner Douglas

Obs: Essa análise foi realizada na versão do PlayStation 5 com uma chave enviada pela Ubisoft Brasil.

A conexão com o universo

A história de Avatar Frontiers of Pandora se passa entre o primeiro e o segundo filme. Tendo a liberdade de criar o nosso personagem, claro que aqui a personalização é bastante limitada. Assumimos um Na’vi raptado e criado por humanos, como parte de um programa militar da RDA. Passados 8 anos, as ações de Jake Sully, durante o primeiro filme, refletem na parte inicial do jogo, sendo até citado em determinado momento. Mas infelizmente para os fãs de Avatar, é apenas citado mesmo.

Depois de mais alguns anos, agora assumindo nosso personagem, em um total de 15 anos de “hibernação”, temos que reconectar as nossas raízes e ao nosso clã. Nosso Na’vi pertence ao clã Sarentu, e com a ajuda de So’lek para fugir do líder John Mercer e os soldados da RDA, temos que encontrar sua irmã Aha’ri e alguns outros Na’vi, que estavam presos no mesmo programa.

Assim como nos filmes, em Avatar: Frontiers of Pandora nossos principais inimigos serão os humanos, que em uma tentativa de explorar e obter recursos de Pandora, acabam destruindo e poluindo o ambiente. A Língua Na’vi, criada por Paul Frommer, está presente aqui, elevando ainda mais a imersão no universo de Avatar. Em uma longa jornada que variando de jogador, pode facilmente chegar às 25 horas, somente a campanha.

É necessário acalmar os animais para se conectar com eles – Foto por Genner Douglas

Avacry ou Fartar?

Claro que ao falarmos de mais um jogo da Ubisoft, onde adota uma jogabilidade em primeira pessoa, as comparações seriam inevitáveis. Mas de certa forma, com razão, já que Avatar: Frontiers of Pandora aproveita vários dos elementos que já vimos em jogos da franquia Far Cry. Não que seja algo ruim ou negativo, muito pelo contrário. O jogo soube explorar muito bem as mecânicas aqui presentes.

Logo de início, na primeira cena do jogo, já temos mais uma vez a clássica cena de “Fuja Forest” de Vaas em Far Cry 3. Pouco mais adiante, no desenrolar da campanha, uma das mecânicas presentes é a recuperação de bases inimigas. Aqui temos as torres pneumáticas e as instalações da RDA, a única diferente entre elas é a quantidade de inimigos e tamanho. Sendo as instalações maiores e com mais pontos de ‘desativação’ no local. Quando desativamos todos os pontos, assim a base é desativada e a vegetação próxima, que estava poluída, volta a estar viva e colorida.

Equipamentos fazem toda a diferença – Foto por Genner Douglas

Além das bases, temos a presença da caça, que nos retribui com materiais para criar melhores armas, roupas e até mesmo alimentos com a carne. A culinária é importante aqui já que constantemente temos que comer algo para encher a barra de energia. Se a barra de energia ficar vazia, não recupera a vida automaticamente após combate. E falando nisso, são duas maneiras de encher a vida, a primeira é de forma automática evitando combate por alguns segundos, como em Call of Duty por exemplo. Ou com frutas que recolhemos e usamos em meio ao combate, para recuperar a vida de forma instantânea, como as clássicas seringas de Far Cry.

Avatar: Frontiers of Pandora adotou os elementos RPG tão presentes nos últimos jogos da Ubisoft e sim, visto também em Far Cry. Temos presente também a árvore de habilidades, onde progressivamente ao subir de nível ganhamos ponto para adquirir novas habilidades. Além dessas, temos a chamada habilidade ancestral, que são encontradas pelo mapa.

Progressão de missões é frustrante

Uma das coisa que durante quase o jogo inteiro me incomodou é a forma com que as missões são conduzidas. Em resumo, quase que todas as missões principais e secundárias os objetivos são ‘investigar’ o local, ligando pontos de investigação descobrir o que aconteceu e ir para outro local, seguindo os rastros com o sentido Na’vi. Ou invadir alguma base da RDA, para assim ‘desativar’ a base, praticamente como é feito nas bases fora de missões.

Podemos produzir nossas receitas com alimentos mais fortes – Foto por Genner Douglas

Outro ponto que é cansativo é a necessidade de concluir missões secundárias, para adquirir equipamentos melhores e habilidades, para aumentar o nível. Só assim conseguindo avançar na campanha principal, já que focando apenas nas principais, estará com nível bem abaixo. E diferente de outros jogos da Ubisoft, Avatar: Frontiers of Pandora adotou uma dificuldade bem punitiva. Se tentar enfrentar inimigos de frente, sem cover, será morte certa, mesmo no modo normal.

As missões secundárias mais uma vez não são o forte da Ubisoft, elas se resumem em procurar x Na’vi desaparecido, que provavelmente estará em algum complexo da RDA ou coletar x fruta para outro. Ao concluirmos as missões secundárias, ganhamos ‘elo’ com os respectivos clãs, que são trocados por equipamentos, armas ou receitas. Já nos equipamentos temos as armaduras que são: cabeça, braço, peito, cintura e pernas.

Nas armas elas variam entre, armas de fogo, lança, vara para atirar minas, arcos que se dividem em: longo, pesado e curto. Cada equipamento e arma podemos adicionar os chamados ‘mods’, que são as modificações como cordas melhores para o arco, carregadores estendidos e muito mais. Além da possibilidade de criar munições normais, explosivas e elétricas.

Diversos personagens com missões secundárias – Foto por Genner Douglas

Um elemento que estará presente conosco o jogo inteiro é hackear portas, computadores, painéis de energia e entre outros. Aqui usamos a ferramenta chamada SID, e com um minigame que vai variar a dificuldade de acordo com o nível do dispositivo a ser hackeado. Mas nada muito complexo a ponto de acabar travando em algum minigame.

A beleza de Pandora é espetacular

Graficamente Avatar: Frontiers of Pandora não decepciona e entrega um dos visuais mais bonitos da geração até aqui. O jogo honrou ter sido lançado somente na atual geração de consoles, e conta com uma ambientação extremamente rica e detalhada. Tudo desenvolvido da melhor maneira para fazer com que os jogadores realmente se sintam em Pandora. A vegetação é bem viva e reage ao nosso personagem, tanto quanto aos inimigos e animais.

Ambientação colorida e viva – Foto por Genner Douglas

Pandora é dividido em três locais, que são: Floresta Kinglor, Prado Alto e Floresta Nebulosa. Cada um deles serem liberados com o progredir da campanha principal. As diferentes regiões apresentam diferentes biomas, com novas plantas, animais mais agressivos ou não, tudo de forma muito bem feita. E com o mapa total bem gigante, temos dois tipos de montarias, o presente nos filmes, Ikran e as terrestres.

Os momentos com o Ikran são um verdadeiro deleite gráfico, além de um controle muito responsivo em meio aos combates aéreos. Um trabalho que deve se tornar referência em outros jogos que adotarem montarias aéreas, devido a alta qualidade. Infelizmente quando parte para o desempenho o jogo apresenta ainda inúmeros delays de renderização, assim como quedas de FPS no modo desempenho, me fazendo optar em jogar no modo qualidade, travado em 30 FPS. Em locais com muita iluminação ocorre diversos bugs com o cenário piscando.

Nosso Ikran facilita a ida em qualquer local – Foto por Genner Douglas

Vale destacar que o jogo está totalmente localizado em português, com uma dublagem agradável e vozes que combinam com os personagens. O lado negativo é que para quem optar em jogar com as legendas ativadas ou em inglês, por exemplo, há uma grande falta de sincronização das legendas com o diálogo em questão, que ainda carece de correção. Quanto ao tempo de carregamento, é tudo muito rápido ao usar viagem rápida, cerca de 3 segundos para locais próximos e 10 para distâncias maiores.

Avatar: Frontiers of Pandora vale a pena?

Para responder essa pergunta cabe você, caro leitor, avaliar o quanto você ainda gosta da franquia Far Cry, já que o jogo segue uma linha muito parecida. Será com certeza um jogo que vai te prender com a beleza gráfica, ambientação e vegetação coloridas, com detalhes bem feitos. Porém, poderá se decepcionar com a campanha pouco consistente e que pode não te prender pela falta de personagens carismáticos.

Avatar: Frontiers of Pandora sem dúvidas entrega um dos melhores gráficos e ambientações dos jogos até aqui, reproduzindo o universo de Avatar de forma majestosa. O jogo ainda transmite a sensação de estar se deleitando em mais uma belíssima obra de James Cameron, sendo um prato cheio para qualquer fã dos filmes. Elevando o nível da Ubisoft em como ela evoluiu do jogo anterior, até chegar neste título nos dias de hoje.

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Amante de Games desde criança e viciado em caçar platinas. Profissional de TI nas horas vagas. Você me encontra no X: @gennerdouglas