Crítica | Guerreiras do K-Pop é uma divertida farofa

Roteiro clichê não anula outras qualidades da animação

Na última sexta-feira (20), saiu o novo filme de animação da Netflix em parceria com a Sony Animation, Guerreiras do K-pop. O longa que preenche os sentidos espectador com suas cores vibrantes, seus designs detalhados, sua trilha sonora enérgica e referências de enlouquecer positivamente qualquer consumidor de cultura pop coreana, apesar do roteiro sem grandes surpresas.

Mira, Rumi e Zoey, protagonistas do filme Guerreiras do K-pop mostram suas armas de batalha
As Hunter/x são idols de K-pop e caçadoras de demônios. (Imagem: Divulgação/Netflix)

A trama apresenta as Hunter/x, um grupo feminino de K-pop formado por três integrantes: Rumi, Zoey e Mira, juntas elas levam multidões de fãs para shows, programas de TV e sessões de autógrafos – Como qualquer grande grupo do gênero. Entretanto, existe um diferencial na girl group: as jovens são caçadoras de demônios e precisam impedir que um boy group demoníaco chamado Saja Boys roube as almas de seus fãs. Ou seja, “Guerreiras do K-pop” é como se o Blackpink se misturasse às histórias de garotas mágicas e ao anime “Demon Slayer”.

Estética encantadora

O visual da animação é um show a parte. Os figurinos dos personagens possuem detalhes bem trabalhados e condizentes com a estética do K-pop. Percebe-se que os animadores não tiveram preguiça na hora de construir a imagem dos personagens.

Além disso, as lutas entregam uma estética que remete a “Homem-Aranha no Aranhaverso” – O que não é um acaso, pois ambos os filmes são da Sony Animation. Os movimentos e golpes sincronizam perfeitamente com as canções.

Figurinos que misturam texturas e cenários com variações de luz mostram qualidade no trabalho dos animadores. (Imagem: Divulgação/Netflix)

O protagonismo musical em Guerreiras do K-pop

Por ser um filme sobre um grupo de cantoras, a música está sempre presente em cena. A trilha sonora é um ponto forte, os instrumentais casam perfeitamente com o que se espera do K-pop e os dubladores entregam bons vocais. Os fãs do gênero com certeza desejarão salvar o álbum completo nas plataformas de streaming assim que os créditos subirem. Além disso, a faixa “Takedown” ganhou uma versão com três das integrantes do grupo Twice: Jeongyeon, Jihyo e Chaeyoung, em uma aposta de divulgação inteligente. Porém, é importante pontuar que as músicas só funcionam no idioma original, aqueles que assistirem ao filme dublado devem se decepcionar um pouco, já que as letras e ritmos foram pensados na língua inglesa.

Básico, porém divertido

O roteiro de Guerreiras do K-pop não é uma grande novidade cinematográfica. Embora as Hunter/x sejam três, o foco da história é a líder Rumi. Ao longo dos noventa minutos de filme o espectador assiste a uma Jornada do Héroi – conceito narrativo idealizado pelo comunicador Joseph Campbell, que descreve em 12 passos como funciona a construção de um personagem heroico. Esse conceito está presente em histórias como as de “Star Wars” e “Harry Potter”. Dessa forma, não é muito difícil imaginar para onde a trama vai andar logo nos primeiros trinta minutos.

As situações abusam das referências às outras mídias asiáticas, como por exemplo, as cenas de romance dos doramas e as expressões faciais exageradas dos animes. Porém, esse elementos estão lá para criar uma atmosfera de humor e impedir que o ritmo divertido deixe a história.

Expressões faciais típicas dos animes são frequentes em “Guerreiras do K-pop” (Imagem: Divulgação/YouTube-Netflix)

Também é preciso lembrar que é uma animação com classificação indicativa de 10 anos de idade. Ou seja, trata-se de um produto audiovisual feito para crianças e pré adolescentes, apesar de agradar fãs de cultura pop coreana de todas as idades. Portanto, não há a obrigação de entregar algo revolucionário e reflexivo. É um filme “sessão pipoca”, tão comercial quanto o gênero musical abordado em sua narrativa, embora isso não anule as qualidades citadas anteriormente.

Em conclusão, Guerreiras do K-pop é uma animação feita para ser divertida, uma “farofa” que entrega tudo o que um K-popper ama. É o tipo de obra que se assiste quando se quer dar boas risadas e se desligar das preocupações.

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Jornalista | Provavelmente passo tempo demais consumindo conteúdos sobre grupos de K-pop e bandas de Nu Metal.