Vendido e criado como uma comédia romântica, Evidências do Amor oferece elementos que poderiam transformá-la em um drama muito interessante. O filme acompanha a história de Marco Antônio (Fábio Porchat) e Laura (Sandy Leah) cujo encontro casual em um karaokê desencadeia um romance intenso, mas que eventualmente enfrenta desafios inesperados.
A música “Evidências” serve como um elo emocional entre eles, levando Marco a uma jornada para confrontar seu passado e entender o que deu errado. O filme é dirigido por Pedro Antônio Paes, conhecido por outras obras como “Tô Ryca!” e “Um Tio Quase Perfeito”.
Disfarçando as evidências
A produção se apoia na popularidade inegável da música interpretada por Chitãozinho & Xororó, que quase todo brasileiro já ouviu e cantou em algum momento da vida. O filme brinca com o sucesso duradouro dessa canção, transformando-a em uma espécie de maldição para os protagonistas. Estrelando Sandy, que retorna à atuação após mais de uma década, e o humorista Fábio Porchat, a trama narra a história de Marco e Laura, um casal que se conhece em um karaokê cantando “Evidências”, música composta por José Augusto, que inclusive aparece na história como mentor do protagonista.
A partir desse momento, eles se envolvem em um relacionamento que parece perfeito, até que uma reviravolta abrupta termina com a relação dos dois. Marco, então, descobre que cada vez que ouve a música, volta ao passado e revive uma discussão com Laura. A evidência realmente difícil de disfarçar é que a música se repete inúmeras vezes, chegando a causar um certo incômodo no final do segundo ato, quando a repetição se torna ainda mais insistente.
Evidências do Amor apresenta uma introdução divertida e já nos primeiros minutos, para os fãs de Sandy, é possível se divertir com uma linda apresentação da cantora, o único trecho em que a canção é cantada do início do fim, sem interrupções.
A direção de Pedro Antônio Paes propõe transições já exploradas bastante no cinema, mas que são divertidas levando-se em conta a proposta do filme. Já as atuações não surpreendem mas, nem de longe, chegam a decepcionar. Sandy, depois de mais de uma década longe do cinema, segue brilhando no papel da mocinha fofa e romântica. A escolha da atriz para o papel é mais do que só uma associação à sua relação com a música, ela interpreta uma personagem muito próxima ao que conhecemos publicamente da artista. Um jeito romântico, um olhar apaixonado e toda a atuação regada com uma voz fofa e gostosa de ouvir.
Já Fábio Porchat entrega algumas cenas de emoção que são interessantes e nos leva acreditar na trajetória emocional de um personagem que, em boa parte do filme, parece ele sendo ele mesmo. Vale ressaltar que é nesses momentos de drama do personagem Marco que fica evidente mais um elemento perfeito para um bom drama. Sabemos do tamanho dos dois artistas e vê-los vivendo essa história de maneira realmente dramática faria deste, um grande filme.
Outro fato difícil de disfarçar é a atriz Evelyn Castro (“Vai Ter Troco”) que entrega uma performance brilhante, cujo timing cômico e estilo único de interpretar garantem risadas genuínas do público. Sem dúvida nenhuma, Evelyn entrega o que gênero promete. O desfecho na narrativa deixa claro que se houver uma continuação, o protagonismo será de quem entregou comédia, ou seja, ela.
Evidências do Amor vale essa loucura de pagar por um ingresso?
Em resumo, “Evidências do Amor” apresenta uma tentativa atrativa de mesclar comédia e drama em um contexto romântico, embora nem sempre atinja completamente suas ambições. No entanto, as performances cativantes do elenco principal e os temas contemporâneos abordados garantem que o filme ofereça momentos de entretenimento e reflexão para o público.
O tom sutil de crítica ao comportamento masculino e às dificuldades de autorreflexão em relacionamentos acrescenta profundidade à mensagem do longa. A tentativa de revitalizar as comédias românticas com elementos familiares e uma trilha sonora nostálgica não passa despercebida, e provavelmente agradará os fãs de Sandy e os apreciadores de uma comédia leve.
No entanto, algumas nuances do enredo poderiam ter sido exploradas mais profundamente, especialmente nas cenas de Porchat, que proporcionam reflexões sobre seu comportamento. Se o filme tivesse assumido mais o gênero dramático, a narrativa poderia ter mantido o espectador engajado do início ao fim.
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