Muito comum no Cinema, sobretudo sobre a perspectiva hollywoodiana, filmes que envolvem equipes em alguma tarefa/missão complicada e de alto risco. Podemos citar muitos exemplos, em vários gêneros possíveis, da Ficção Científica até filmes passados na Segunda Guerra.

Sigourney Weaver no papel da tenente Ripley passou maus bocados com sua equipe em (“Aliens, O Resgate”). Em (“Armaggedon”), Harry Stamper (Bruce Willis) convoca uma equipe nada convencional com o objetivo de perfurar um meteoro prestes a colidir com a Terra. John Miller (Tom Hanks) e seus companheiros soldados sofreram bastante para resgatar um único soldado em (“O Resgate Do Soldado Ryan”).

Muita nitroglicerina e uma missão

O Salário do Medo é um filme francês que traz uma equipe cuja missão é transportar uma carga de nitroglicerina por 800 quilômetros. Problema que a equipe tem um dia para fazer isso e o caminho é repleto de perigos, além da carga ser muito instável.

O objetivo é explodir por completo um poço de petróleo que não tem mais reparo. Não apenas isso, um vilarejo próximo pode ser destruída por completo. Entretanto, a empresa responsável pelo poço está mais preocupada em apagar seus erros do que pelo tanto de vítimas que podem aparecer.

Uma história com mais de 70 anos

Essa narrativa é bem antiga e é a terceira vez que ganha uma versão para o Cinema. O primeiro filme, “Le Salaire de La Peur”, surgiu em 1953 e foi dirigido pelo cineasta Henri-Georges Clouzot (“As Diabólicas”). O filme era inspirado no livro de mesmo título, escrito por Georges Arnaud em 1950.

Em 1977, ganhou uma refilmagem americana agora com o nome “O Comboio Do Medo”. Apesar de ter a direção de William Friedkin (“O Exorcista”), no entanto, o filme não obteve tanto sucesso e até ficou no esquecimento.

Agora foi a vez do diretor Julien Leclercq (“Lukas”), que tem a carreira toda dedicada aos filmes de ação. Com menos classe que o trabalho clássico de Clouzot, a nova versão do filme atualiza as linguagens cinematográficas de ação.

Dois irmãos tentando se reaproximar

Fred (Franck Gastambide) e Alex (Alban Lenoir) são dois irmãos que, por motivos de um acontecimento no passado, tiveram que se separar (os flashbacks vão nos explicando gradativamente essa situação). No tempo presente, junto com a médica Clara (Ana Girardot), Fred ajuda o vilarejo (por onde passa o poço) e Alex está recluso numa prisão longe dali. De qualquer forma, Fred passou a cuidar com atenção da sobrinha e cunhada que residem no mesmo local.

O destino os coloca junto novamente. Alex é um perito em explosivos, homem certo para esse tipo de missão, junto com seu irmão que tem valiosas técnicas de combate e escolta. Se conseguir atingir o objetivo, poderá ser solto e ficar novamente com sua filha e esposa.

Agora é hora de colocar as desavenças de lado, pois o tempo voa e é preciso união da equipe para cumprir a tarefa. Apesar disso, numa missão tão arriscada e onde a recompensa pesa, muitos atritos podem ocorrer, desequilibrando os afetos e sentimentos da equipe.

Erros e acertos

O Salário do Medo rende mais quando explora o suspense que cria, inclusive nas cenas onde a nitroglicerina é manuseada. A tensão de que um momento de vacilo pode acabar com a missão. Mas, o caminhão lotado do composto químico ser perseguido por um jipe com uma metralhadora e nada acontecer? É exagero demais (uma cena de ação que foge dos ensinamentos da Física).

Sim, as cenas de ação pelo deserto acabam sendo fracas, salvo algumas partes, sobretudo quando Alex usa de seus conhecimentos para enfrentar obstáculos pelo caminho. Entre atiradores de elite escondidos nas montanhas e piratas exigindo pagamentos, nem tudo resulta numa narrativa perfeita, muitas cenas acabam terríveis em suas sequências e perdem em ritmo.

Faltou química

Como todo filme que envolve uma equipe diante de uma missão de altos riscos, podemos aqui esperar de tudo: mortes, decepções, lágrimas, traições, reviravoltas, reconciliações, sacrifícios e um final não tão fácil de digerir.

Se esse remake de Leclercq não funciona perfeitamente e acaba se transformando numa diversão efêmera, ao menos nos encoraja na curiosidade de seguir adiante na sessão do filme original, lá de 1953 (que muitos, como eu, nem sabiam da existência).

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