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Oscar 2025 | Os motivos que levaram Fernanda Torres à indicação de Melhor Atriz

Em 2025, Fernanda Torres se tornou a segunda brasileira a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz, 26 anos após sua mãe, Fernanda Montenegro, fazer história na mesma categoria. A atriz foi indicada por seu papel em Ainda Estou Aqui, uma adaptação cinematográfica do livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, dirigida por Walter Salles.

O filme conta a emocionante história de Eunice Paiva, uma mulher que enfrenta os horrores da ditadura militar brasileira após o desaparecimento de seu marido. Neste contexto dramático e intimista, Fernanda entrega uma atuação visceral e carregada de uma emoção notória e marcante, fazendo jus à importância de sua indicação. Outros fatores também contribuem com essa dimensão, confira a lista:

Fernanda Torres pode fazer história como a primeira latino-americana a vencer o Oscar de Melhor Atriz

Em um ano em que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood busca uma maior inclusão global, a vitória de Fernanda Torres seria histórica. Caso ganhe, ela se tornaria a primeira latino-americana a conquistar a estatueta de Melhor Atriz, uma vitória representativa para toda a América Latina.

Isso demonstra o crescente reconhecimento da indústria de Hollywood à qualidade do trabalho artístico produzido fora de seus tradicionais centros, como Hollywood, além de reforçar o papel dos latino-americanos no cenário internacional do cinema.

Além disso, a história do Oscar tem uma forte ligação com interpretações biográficas, e este ano, Fernanda Torres é a única indicada na categoria de Melhor Atriz por um papel que retrata uma personagem real. Ela interpreta Eunice Paiva, uma mulher que, durante o regime militar, sofre com a perda do marido, um político importante, e tem sua vida transformada.

O peso emocional e a profundidade da interpretação de Torres refletem um momento histórico crucial, tornando sua atuação ainda mais significativa. Além disso, a última vencedora de uma performance biográfica foi Jessica Chastain, em 2022, o que fortalece a ideia de que o Oscar tem dado espaço para histórias baseadas na vida real.

Atuação e o legado de Fernanda Montenegro

Outro aspecto que torna a indicação de Fernanda Torres ainda mais poderosa é o simbolismo por trás dessa trajetória familiar. Fernanda Torres é indicada ao Oscar 26 anos após sua mãe, Fernanda Montenegro, um marco no cinema brasileiro e mundial. É interessante pensar nisso quando se vê mãe e filha também no mesmo papel, em suas perspectivas gerações do papel de Eunice Paiva.

A história de uma filha seguindo os passos da mãe, com a mesma indicação, é tocante, especialmente considerando que ambas trabalharam com o mesmo diretor, Walter Salles. Esta coincidência apenas fortalece a ideia de que a vitória de Fernanda Torres, caso aconteça, também será uma homenagem a Fernanda Montenegro e ao cinema brasileiro, um tributo que ressoa por gerações.

A disputa na categoria é feroz, com nomes como Demi Moore, que já garantiu a vitória no Globo de Ouro, sendo apontada como favorita. Mikey Madison, também indicada por sua atuação em Anora, está entre as principais concorrentes. Ainda assim, a atriz tem se destacado na temporada de premiações, recebendo elogios por sua performance no Festival de Veneza, onde Ainda Estou Aqui conquistou a Osella de Ouro de Melhor Roteiro. O longa também já foi exibido em mais de 50 festivais internacionais e superou a marca de 127 milhões de reais nas bilheteiras brasileiras.

Por outro lado, a ausência de Fernanda nas indicações ao Screen Actors Guild Awards (SAG Awards) gera especulações sobre o reconhecimento de sua atuação pela comunidade de atores. Especialistas sugerem que a falta de nomeações em eventos anteriores pode prejudicar suas perspectivas no Oscar, apesar do consenso positivo da crítica sobre seu trabalho.

Contexto histórico e motivação do apoio brasileiro

O filme Ainda Estou Aqui lida com temas universais, como os horrores da repressão política e a luta pela sobrevivência diante da perda e da dor. Embora ambientado no Brasil durante a ditadura militar dos anos 70, o contexto da história ressoa com muitas questões políticas contemporâneas.

Com o aumento das tensões políticas em várias partes do mundo, especialmente com o governo de Donald Trump nos Estados Unidos, a atuação de Fernanda Torres pode ser vista como uma reflexão sobre os abusos de poder e a resistência humana diante de regimes opressores. A interpretação de Torres, que combina força e fragilidade, oferece um espaço para o público refletir sobre o impacto do autoritarismo em vidas individuais, o que adiciona uma camada de relevância social à sua performance.

O cenário da disputa também favorece a atriz brasileira. Embora Demi Moore e Mikey Madison sejam consideradas favoritas, nenhuma delas apresenta uma vantagem incontestável. Isso pode abrir espaço para uma possível surpresa de Fernanda Torres, que, além de seu talento, tem o apoio maciço do público brasileiro.

A participação nas redes sociais e a mobilização dos fãs brasileiros é algo que, historicamente, nunca foi visto em edições anteriores do Oscar. O próprio Globo de Ouro destacou a presença de Fernanda nas plataformas digitais, com seus vídeos superando milhões de visualizações. O clamor popular pode influenciar a Academia, que, embora resistente, não pode ignorar o peso dessa torcida.

Em um ano de grandes disputas e desafios, a indicação de Fernanda Torres ao Oscar 2025 é um reflexo de sua entrega, talento e da relevância de seu papel em “Ainda Estou Aqui”. Se ela conquistar a estatueta, será uma vitória não apenas para o cinema brasileiro, mas para toda a América Latina, consolidando seu lugar na história da premiação mais importante da indústria cinematográfica mundial.

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