Minha paixão pelo estilo de combate nos jogos feitos pela Team Ninja começou em 2012 com o maravilhoso Ninja Gaiden 3 (Playstation 3 e Xbox 360), algo que se consolidou em 2017 com o espetacular Nioh (Playstation 4, Playstation 5 e PC). São jogos mais lineares, com um combate viciante, gráficos “ok”, diversão constante e um elevado grau de dificuldade (algo que eu, particularmente, amo em um jogo: desafio elevado).
Neste contexto, em setembro de 2022, a Koei Tecmo em parceria com a Playstation Studios, anuncia “Rise of the Ronin” (No Brasil, A Ascensão do Ronin), com a promessa de um título no estilo ação/aventura, em mundo aberto com foco em narrativa. Quase dois anos depois, a obra têm seu lançamento, exatamente no dia 22 de março de 2024. E o que um fã dos jogos da Team Ninja esperava?! Ação viciante, gráficos evoluídos, mundo aberto instigante e convidativo, isso tudo envolto por uma história envolvente, densa e épica. Ou seja, uma evolução em tudo o que a empresa já havia feito. Ela conseguiu? A Team Ninja mostrou evolução? Minhas expectativas foram atendidas e/ou superadas? A empresa mostrou que sabe trabalhar com o conceito de “mundo aberto”? Fica comigo nessa análise e descubra!
Essa review foi feita inteiramente baseada na versão de Playstation 5 com um código cedido gentilmente pela Playstation.
Sinopse e Contexto Histórico
A Ascensão do Ronin começa no ano de 1853, em meio ao período histórico conhecido como Bakumatsu, época em que o Xogunato estava prestes do fim, o Japão estudava a possibilidade de sair do “isolamento” criando conexões com o continente americano, etc. Foram acontecimentos marcantes e conturbados, pode-se dizer que foi uma transição do antigo para o novo, onde surgia uma ideia mais contemporânea, ao qual deixaria de lado o tradicionalismo e domínio Xógum e entraria na modernidade do período Meiji. E todos sabemos que grandes mudanças nem sempre são aceitas, existindo aqueles que pretendem lutar para que a mesma não aconteça, afinal, nem todos eram a favor de “modernizar” o Japão e com medo dos aspectos da proximidade com outros países.
É nesta perspectiva que se encontra o nosso personagem, vivendo na Vila da Borda Oculta, treinando e evoluindo com sua Lâmina Gêmea, os dois fazem parte do Clã Kurosu. Logo somos mandados para um missão conjunta com nosso parceiro, essa tarefa ocorre em um dos Navios Negros que vieram do Ocidente, mas no final tudo dá errado e os protagonistas se separam. Logo após outro fátidico acontecimento (evitando Spoiler aqui), nos tornamos um Ronin – um Samurai que não possui e não segue nenhum mestre, uma forma de penitência, pois ele não tinha nem o direito de tirar a própria vida através do Sepukku – e assim começa a busca para encontrar o nosso gêmeo e essa jornada nos leva para fora da vila com o intuito de explorarmos a imensidão do país, para regiões/cidades conhecidas como Yokohama, Edo (onde hoje é Tóquio) e Kyoto.
Por falar em protagonista, ressalto aqui alguns pontos da criação dos nossos personagens (é possível personalizar as duas lâminas) é um dos pontos fortes do jogo, existem muitas possibilidades: rosto, corpo, sexo, cabelo, olhos, boca, etc. O jogador irá “perder” algum tempo aqui. Vale lembrar que é permitido mudar sua aparência no decorrer do jogo e gerar códigos para compartilhar sua criação, onde outros “players” do mundo podem usar e se aproveitarem da sua criatividade. Algo bem legal, diga-se de passagem. Uma das opçoes de personalização é na voz daquele que controlamos, podemos escolher a tonalidade, entre outros aspectos, mas isso é totalmente irrelevante e falo sobre isso mais pra frente!
O mundo aberto e como ele impacta na narrativa
Fazer um bom jogo mundo aberto, certamente não é uma tarefa fácil, são poucos os estúdios que conseguem entregar um ambiente convidativo, ao mesmo tempo, misterioso e recompensador. Um lugar que faça o jogador sentir vontade de explorar cada canto ou área, afim de encontrar novos desafios, surpresas e boas recompensas. Este tipo de gameplay não é usual da Team Ninja, e assim como, a From Software com Elden Ring (2022), a empresa resolveu se “aventurar” por esse caminho, mas será que a produtora do Ninja Gaiden conseguiu a mesma qualidade e sucesso que a produtora do Jogo do Ano de 2022? Digito em letras garrafais que a Team Ninja não chegou “NEM PERTO” da profundidade e categoria da subsidiária da Kadokawa.
A seguir irei descrever os pontos positivos e negativos do mundo aberto criado para A Ascensão do Ronin:
- Pontos Positivos:
Mobilidade: é rápida e fluida, você consegue chegar de um ponto ao outro sem achar isso cansativo. Para este fim, o jogo nos dá algumas opções como: o cavalo (você pode comprar vários deles, assim como arreios para melhorar sua velocidade e vitalidade, entre alguns outros aspectos; o planador, uma espécie de asa-delta (com ele o jogador pode planar por certas distância, ressalto que você pode melhorar este equipamento, deixando-o mais rápido ainda e com menor consumo de Stamina) e por fim, temos as viagens rápidas (o jogador pode viajar para locais específicos do mapa, geralmente após liberar aquela área da presença dos inimigos).
Eventos Dinâmicos: O mundo aberto de A Ascensão do Ronin é dinâmico e reativo, com eventos aleatórios que ocorrem de forma espontânea em todo o mapa. Desde encontros com inimigos poderosos até eventos climáticos dramáticos, os jogadores nunca sabem o que esperar enquanto exploram o mundo do jogo. Esses eventos dinâmicos adicionam uma camada de imprevisibilidade e emoção à experiência com o título, mantendo os jogadores engajados e alertas enquanto viajam pelo mundo.
Ambientação detalhada: Uma das maiores forças do mundo aberto da obra é sua ambientação detalhada e autêntica do Japão feudal. Desde as aldeias rurais até as pontes famosas. Cada localidade é ricamente construída com um nível de detalhe que transporta os jogadores para a era dos samurais. A beleza dos cenários naturais, a arquitetura dos edifícios e os pequenos detalhes culturais contribuem para uma experiência imersiva que faz com que os jogadores se sintam verdadeiramente parte do mundo do jogo.
É muito interessante visitar locais que existem na vida real e são reproduzidos em altíssima qualidade pela Team Ninja. Estão de parabéns neste ponto! Locais como o Monte Fuji (aqui não visitamos, mas o avistamos de longe), a ponte Sanjo, o túmulo de Oda Nobugana (personagem principal de um dos maiores mistérios do Japão – “O incidente de Honnõ-JI), entre vários e vários outros locais e acontecimentos.
Variedade de ambientes: O título oferece uma boa variedade de ambientes para os jogadores explorarem. Desde florestas exuberantes até montanhas nevadas, os jogadores podem desfrutar de uma grande diversidade de paisagens e biomas enquanto viajam pelo mundo do jogo. Essa variedade não apenas torna a exploração mais interessante, mas também contribui para a sensação de que o mundo é vasto e cheio de possibilidades.
- Pontos Negativos
Exploração repetitiva: Um defeito comum em muitos jogos de mundo aberto é a repetição de elementos de exploração. Se os jogadores encontram as mesmas tarefas ou atividades em várias partes do mapa, isso pode levar à monotonia e à perda de interesse na exploração. Neste contexto, as atividades do mundo, pelo menos no começo, são satisfatórias e interessantes de se realizar, mas com o tempo se tornam extremamente cansativas e repetitivas. Do meio pro fim do jogo, eu já estava enjoado de liberar pequenas áreas de inimigos, para assim liberar um pequeno pedaço do mapa (estas regiões funcionam como as torres em Far Cry), coletar gatos, tirar fotos, rezar em santuários, etc. São atividades legais no começo da jogatina, depois se tornam entendiantes. Claro que o jogador não é obrigado a fazer isso, mas se existe essa opção, ela deveria ser melhor trabalhada.
Mundo aberto nada inovador: Tudo o que você fizer aqui, tenha certeza que você já fez algo muito parecido em outro jogo, não há inovação ou criatividade na exploração. É a ubisoft fazendo escola com seus estilos de mundo aberto. Tudo bem que foi uma fórmula que já funcionou anteriormente, mas isso precisa evoluir. Zelda Breath of the Wild, The Witcher 3, Elden Ring, são exemplos a serem seguidos, infelizmente isso é algo que não acontece nesta obra. A Team Ninja “Ubisoftiou” o jogo.
Junte tudo isso à um monte de paredes invisíveis, pouca variedade de inimigos, fauna quase inexistente, cercas e locais que qualquer um acessaria/pularia, mas você como um Ronin não consegue (eu sei, é bizarro, tive que dar voltas em locais que o personagem passaria de olhos fechados), exploração pouco recompensadora (a grande maioria dos itens que eu ganhei, eu desmontava ou vendia, pois, já estava equipado com algo mais forte ganho em missões). São fatores que fazem o jogador quase desistir e ir só pelo caminho da história.
A evolução do personagem e o sistema de Elos
Nosso protagonista evolui de algumas maneiras, dentre elas está o Karma, que funciona como as Souls em Dark Souls ou como com os Ecos de Sangue em Bloodborne. O karma faz com o que você ganhe pontos de habilidades no momento que interagir com os pontos de viagem. Inclusive você pode perder esse pontos de Karma caso morra, podendo recuperá-los dando um golpe especial no mesmo inimigo que o matou, ou matando o mesmo.
Você também pode evoluir com XP normal que ganha fazendo missões primárias e secundárias, eventos aleatórios, realizando favores como tirar fotos, coletar gatos, caçando “fugitivos”, liberando áreas, rezando em santuários, evoluindo seu elo com outros personagens e também com as regiões do mapa, entre outras maneiras.
Nossa árvore de habilidades possui 4 tipos de atributos antes de fechar o jogo pela 1ª vez: Força, Destreza, Intelecto e Charme. É um ponto positivo, pois você evolui praticamente tudo no protagonista, desde a força de seus ataques (com a Força) até sua capacidade de persuasão em diálogos (com o Intelecto), por exemplo. Ressalto que a evolução de alguns aspectos da árvore só são possíveis com pontos específicos de cada atributo, então sim, existem pontos de habilidades e existem pontos de Força, Intelecto, Destreza e Charme. E como conseguir esses pontos? Evoluindo seus elos com determinados NPC’s, sua afinidade com eles, etc.
Falando neles, os Elos, nós temos a oportunidade de interagir com uma grande variedade de personagens durante o jogo e isso inclui aliados, inimigos e NPC’s. Essas interações podem ocorrer por meio de conversas, ações durante algumas missões e escolha que fazemos ao longo da história. Cada momento de atividade com um personagem afeta o elo do jogador com o mesmo. Esses elos podem variar entre negativos e positivos. Como consequências destes efeitos, eles possuem aspectos relevantes na narrativa do jogo. Personagens com elos positivos podem e vão lhe dar recompensas, pontos de habilidades específicas, informações e diálogos valiosos. Já os elos negativos podem fazer os personagens se tornarem hostis e recusarem ajudar ou desistirem de pedir favores.
Mas, como evoluir os elos? É preciso investir um tempo no desenvolvimento das relações, caso assim você queira. Isso pode envolver completar missões específicas para determinados personagens, realizar ações que demonstrem lealdade ou respeito, tomar decisões que estejam alinhadas com os interesses ou valores dos personagens. Até lutando contra eles nos Dojos, você consegue evoluir o relacionamento com os mesmo ou conversando com eles no seu alojamento.
Em relação aos benefícios da evolução dos elos, à medida que os elos dos jogadores com os personagens evoluem, eles podem desbloquear uma variedade de benefícios e recompensas, assim como, missões exclusivas daquela pessoa. Isso pode incluir acesso a equipamentos especiais, habilidades únicas, informações privilegiadas sobre a história do jogo ou até mesmo o recrutamento de aliados para ajudar o jogador em suas missões.
Dito tudo isto, é um sistema bem interessante em A Ascensão do Ronin, talvez até aumente o fator replay, pois, você quer evoluir o elo com aquele ou outro personagem, algo que não foi possível em uma primeira jogatina. O sistema de elos no mais novo título da Team Ninja, exige que os jogadores façam escolhas estratégicas sobre como desenvolver suas relações com os personagens. Eles precisam avaliar cuidadosamente as consequências de suas ações e decidir quais personagens são mais importantes para investir tempo e recursos em construir elos positivos. Ah, já ia esquecendo, você pode ter pares românticos em sua jornada, mais de um inclusive!
O Xogunato e o Anti-Xogunato e as consequências de nossas decisões
Como dito anteriormente, o nosso personagem sai em busca da sua Lâmina Gêmea e no caminho se vê em meio à uma briga política e humanitária, de um lado o Pró-Xogunato que apoia a entrada de outros países no Japão e o Anti-Xogunato, o qual se opõe ao Xogunato atual, se esforçando para eliminar a entrada de estrangeiros no país e derrubar os lideres aliados ao Xógum, afinal eles tinham receio de se tornarem dependentes de outras nações, as quais trariam consigo seus costumes, ideais e até mesmo, as doenças, como a cólera e a malária.
A obra da liberdade ao jogador, para que ele escolha com qual facção vai compactuar, afinal você é um Ronin e quem pagar mais, leva! Mas, a boa notícia é que mesmo realizando tarefas e trabalhos voltados para um lado, o jogador pode escolher fazer missões para o outro lado também, ou seja, jogar a favor de ambos, ser uma espécie de agente duplo.
Se por um lado, isto pode ser um ponto positivo, se olharmos mais profundamente, também é uma característica negativa, pois, por exemplo: se o jogador resolver trabalhar do lado dos Anti-Xogunato, ele vai enfrentar os adversários que pertercem ao Pró-Xogunato, ou seja, você enche o inimigo de porrada, sangue jorra, etc, mas ele não morre. Até aí, tudo bem! No entanto, se você decidir fazer missões para o Pró-Xogunato, encontrará o mesmo personagem que praticamente matou na missão passada e a única frase que ele vai te falar é: “Nós tivemos nossas desavenças, mas é passado, vamos trabalhar juntos” ou pior: “Você nos traiu, mas tudo bem, todo mundo erra, vamos esquecer isso e trabalhar juntos”. Entende o quanto isso tira a imersão e se torna um pouco frustrante?! Fora isso, o nosso personagem não possui carisma algum, não conseguimos nos apegar à ele/ela. Nem nome nós temos. E, lembra que eu falei da voz? Pois é, o nosso protagonista é praticamente mudo o jogo inteiro! Suas falas são quase inexistente e ocorrem em alguns momentos cruciais da história. E isso tira muito da imersão! Muito!
No entanto, várias decisões influenciam de forma significativa no enredo e destino dos personagens, as escolhas dos jogadores têm o poder de influenciar diretamente o desenvolvimento da trama principal de jogo. Dependendo das decisões feitas pelos jogadores ao longo da história, eventos importantes podem ocorrer de maneiras diferentes, levando a resultados variados. Por exemplo, uma escolha crucial pode determinar se o protagonista busca vingança, redenção ou poder, alterando assim o objetivo final da jornada.
Uma das características marcantes de A Ascensão do Ronin é sua capacidade de oferecer desfechos alternativos com base nas escolhas dos jogadores. Dependendo das decisões tomadas ao longo do jogo, o final da história pode variar significativamente, oferecendo aos jogadores uma experiência única e personalizada. Essa narrativa ramificada incentiva o jogador a querer fechar o jogo mais de uma vez e permite que os jogadores explorem diferentes caminhos e consequências. Ressalto que você pode rejogar várias missões da obra, tomando até decisões importantes diferentes através do Testamento da Alma, recurso desbloqueado no decorrer do título. E pra fazer essa análise, eu rejoguei pontos importantes da história, tomando atitudes diferenciadas para ver se havia mudança no mundo do jogo e, SIM, afirmo que ocorrem mudanças significativas, mas não se engane, A Ascensão do Ronin não é um jogo da Quantic Dream, como Detroit Become Human, onde há muitos e muitos caminhos ramificados no enredo.
Áudio, dublagem, efeito de sons e trilha sonora
Não irei me estender muito, mas embora hajam algumas falhas como nas sincronizações labiais ou em alguns momentos em que os personagens falam de forma meio estranha, com uma voz bem fina ou adultos com voz de criança, a dublagem é quase perfeita, mais um ótimo trabalho da dublagem brazuka. Estes pontos não tiram, em nada, o brilho do trabalho de dublagem do jogo.
Bem como a trilha sonora, nada tão marcante, mas desempenha um papel de qualidade e não posso deixar de falar nos efeitos de sons, você escuta cada golpe de sua Katana, ou o tiro de sua arma com um primor fantástico.
O combate que deveria virar exemplo!
O ponto mais alto de A Ascensão do Ronin, seu combate extremamente viciante. Chegando até camuflar muitos dos defeitos que o jogo possui. É tão bom e tão satisfatório que dificilmente o jogador irá querer realizar alguma missão de maneira Stealth. Deixo claro que ele não é um Souslike e, muito menos, possui a dificuldade elevada. Testei as 3 dificuldades iniciais: Amanhecer (Fácil), Anoitecer (Normal) e Crepúsculo (Difícil) e em nenhuma delas tive muita dificuldade contra inimigos e bosses. Vale lembrar que dificuldade é algo relativo de pessoa pra pessoa, o que é fácil pra mim pode ser difícil pra outro jogador e vice-e-versa.
Ainda sobre a dificuldade, pra mim, não é um ponto positivo, pois o jogo não instiga o player a montar builds, tentar aprender uma nova habilidade essencial para determinado inimigo. Você consegue começar com um tipo de arma e terminar com o mesmo tipo, somente alternando entre os estilos de combate, já que para cada tipo de inimigo, o jogador pode escolher enfrentá-lo com um estilo que se sobressai ao do adversário. Isso deixa o combate mais dinâmico, ao mesmo tempo que o deixa mais acessível.
Os inimigos são agressivos, quando eles enxergam você, alguns chefes trocam de estilo e de arma muito rapidamente, fazendo com que você tente mudar seu estilo em instantes e se adaptar à uma nova gama de movimentos do adversário. Isso deixa o combate surpreendente e visceral. Quando estamos em missões de aliados, podemos alternar o gameplay para eles, inclusive salvar o nosso próprio personagem da morte. Entretanto, os nossos parceiros possuem golpes e habilidades bem limitadas se comparadas às nossas, o que me fazia, quase sempre, usar somente o protagonista principal mesmo, mas é sem dúvida uma ótima adição e opção.
São 10 tipos de armas, fora as de fogo e Shurikens, some isso à 20 estilos de combates (surreal). Lendo isso, você não tem noção do quanto isso faz a diferença na ação. É absurdo de viciante, além dos desmembramentos e vários tipos de finalizações. É, literalmente, cabeça rolando e braço sendo arrancado. É de encher os olhos daqueles que gostam de sangue jorrando na tela. O jogador pode evoluir estes estilo, chegando até a classificação “Mestre”. E isso libera uma nova habilidade para a arma.
O gameplay com a Sabre Rabo de Boi é uma delícia, a movimentação do protagonista com essa arma é de cair o queixo. De longe, a minha favorita. Qual vai ser a sua?! E usem e abusem dos parries! Isso fará com o que o inimigo quebre sua postura, ficando mais fácil finalizar o combate ou dar um dano extremamente alto. A adição do gancho como elemento de combate é muito interessante. O jogador pode puxar inimigos e derrubá-los, pode alcançar atiradores que estão em locais elevados, jogar barris e objetos em seus oponentes, até mesmo, lançar um inimigo contra o outro. Use e abuse disso. Fica a dica.
Infelizmente onde se encontra a melhor parte do jogo, também se encontra o seu maior aspecto negativo: A inteligência artificial dos inimigos. Eu nunca vi uma I.A tão ruim quanto aqui e não, não estou exagerando. Um jogo somente para a nova geração, em 2024, ter um erro tão grotesco quanto ao que vemos em A Ascensão do Ronin, chega ser inaceitável. Tiveram momentos em que me deu vontade de desligar o Playstation 5 e voltar a jogar algumas horas depois. Eu que amo jogos que testam minhas habilidades, ver os inimigos terem um intelecto de uma porta é decepcionante.
Por muitas vezes, eu matava 3 ou 4 inimigos em uma pequena área, ao final do combate, à poucos metros, tinham outros adversário sentados, conversando, como se nada tivesse acontecendo. Outra vezes, eu estava em combate com um inimigo, me afastava um pouco dele e ele simplesmente esquecia que eu estava ali em questão de segundos, era só chegar no Stealth e matá-lo com tranquilidade e entre tantas e tantas outras situações. Só quero que você saiba, a inteligência artificial de A Ascensão do Ronin é uma das piores que eu já vi no mundo dos jogos.
Gráficos, texturas, direção de arte e desempenho
O jogo é feio? Defitivamente, não! O jogo é bonito? Também não! Ele poderia ser melhor? Sim, com toda certeza e digo mais, DEVERIA ser melhor. A Team Ninja precisa, atualizar e/ou melhorar seu motor gráfico. Existe uma evolução quando comparamos com outros jogos da produtora, A Ascensão do Ronin é melhor, graficamente, do que Wo Long e Strange of Paradise, mas está longe de ser um primor gráfico. Ficando muito aquém de alguns jogos da “old gen”. Existem problemas de texturas em lugares fechados e abertos. Alguns até grotescos, sendo infelizmente um problema quase recorrente em todos os AAA hoje em dia.
A Ascensão do Ronin possui 3 modos visuais: o modo Qualidade (priorizando os gráficos), o modo Performance (priorizando a taxa de quadros) e o modo Ray-Tracing (uma leve melhoria gráfica sem perder tanto em desempenho). Testei todos e afirmo, não tem como jogar essa obra, focada em ação frénetica e exploração, sem priorizar a taxa de quadros. Quando usamos o “Qualidade”, as texturas e gráficos não sofrem uma melhoria tão significativa ao ponto de abrir mão dos 60 FPS.
E por falar em modo “Desempenho”, as coisas chegam a ser bizarras! Apresentado muitas quedas e o pior, constantes. Ainda mais quando o protagonista chega em cidades com uma certa quantidade de casas e pessoas, mas comigo as quedas ocorriam em todos os locais. Em contrapartida, no combate, a taxa de quadros segurava bem. Ressalto que o jogo recebeu algumas atualizações após seu lançamento que melhoraram um pouco esses defeitos, mas nem perto de serem totalmente resolvidos, até o momento dessa review.
Existem alguns locais que são muito bonitos, a iluminação ajuda bastante aqui. Você para e fica admirando as paisagens, o vento balançando as árvores, a chuva caindo, enfim, são momentos que mascaram os vários defeitos de texturas borradas. Além disso, os jogadores verão pop-in constantemente, o que incomoda bastante.
Sobre Bugs, tive alguns, até normais para jogos de mundo aberto (The Witcher 3 é um dos meus jogos preferidos da vida e é repleto de bugs). Alguns são até engraçados, como o cavalo com a metade pra dentro de uma parede e a outra pra fora, inimigos que morrem e entram no chão, etc. Mas, nada que impeça sua progressão. Esses bugs de missão e progressão, não tive nenhum.
Considerações Finais
A Ascensão do Ronin é um bom jogo, mescla um ótimo combate com uma narrativa interessante, em um mundo aberto com boa mobilidade e ambientação maravilhosa. O jogador irá se sentir imerso no Japão Feudal, com eventos históricos e localizações marcantes. Uma ótima dublagem e todo localizado em Português BR (por mais jogos assim). O título sofre com defeitos frequentes em quase todos jogos de mundo aberto, a exploração fica cansativa, missões se tornam repetitivas, recompensas não valem seu esforço. Não há nada de inovador, nada que irá marcar A Ascensão do Ronin como uma jogo “fora da curva”.
Foram 153 missões (sim, 153!), passando por 3 cidades, durante 74 horas de gameplay e mais uma platina pra conta. O jogo é muito longo e infelizmente não souberam dosar isso. A Ascensão do Ronin poderia ter, facilmente umas 10 horas a menos em sua duração que ninguém iria notar. E quando você acha que ele está terminando, a história te puxa novamente, aumentando ainda mais suas horas de gameplay e, neste momento, o jogador já está cansado, talvez até torcendo para o jogo acabar. Pelo menos foi assim que me senti. Não se engane ou se assuste com essas palavras, o jogo diverte, a história vai te prender e você irá se apegar à alguns personagens (quase todos possuem um Background bem feito). Infelizmente esse mesmo carisma passou longe do protagonista principal.
Embora tenha vários defeitos, a Team Ninja dá um passo adiante e mostra o que pretende para o seu futuro. Se arriscando em um jogo mundo aberto, com um enredo mais denso. É claro que ainda falta Expertise, mas isso pode vir com o tempo. E se aprecia do combate feito pelo estúdio, curte a temática oriental, vai gostar muito. Tente não comparar à obra com outro jogo. Jogue, se divirta, aprenda novos estilos e maneira de lutar contra seus adversários, procures sets de armadura e/ou ajude seus amigos em missões cooperativas. Por fim, eu esperava mais do título, mesmo assim, eu recomendo A Ascensão do Ronin.
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