review Hotel Barcelona

Review | Hotel Barcelona é uma homenagem sangrenta aos clássicos do terror

Às vezes, uma ideia aparece tão estranha que desperta curiosidade imediata. Hotel Barcelona faz exatamente isso. SUDA51, de “No More Heroes” e “Lollipop Chainsaw”, se juntou a SWERY, de “Deadly Premonition”, para criar um slasher em 2.5D.

O jogador assume o papel da agente federal Justine, enviada para acabar com um hotel tomado por assassinos em série. Parece um delírio de madrugada para quem gosta de terror, mas será que entrega o que promete?

Logo na abertura, o aviso surge na tela: “Este jogo contém representações gráficas de sangue, violência, conversas sobre consumo de álcool e conteúdo sexual moderado.” Um recado direto que prepara o clima.

Esta review de Hotel Barcelona foi feita no PlayStation 5 base com um código enviado, gentilmente, pela Cult Game.

Um hotel cheio de assassinos

Desde os primeiros minutos, o jogo estabelece seu tom com uma narrativa que remete aos velhos filmes de terror em VHS. O hotel, encravado na divisa da Pensilvânia com a Virgínia Ocidental, atrai os assassinos mais brutais dos Estados Unidos.

Justine chega ali após uma missão fracassada, mas carrega também uma meta pessoal: encontrar e eliminar a chamada Bruxa. Enquanto percorre os corredores, ela escuta a voz insistente do cruel Dr. Carnival ecoando em sua mente.

O enredo se apoia no clima de slasher e na avalanche de referências a filmes, de produções dos anos 80 até cults menos óbvios. Quem acompanha o gênero pesca as alusões de imediato; já quem não é tão ligado provavelmente deixará muita coisa passar.

Visual em quadrinhos

No aspecto visual, Hotel Barcelona aposta em um estilo que lembra quadrinhos de terror dos anos 1990. Cada uma das sete áreas traz identidade própria e um chefe que permanece na memória. Esses confrontos têm personalidade, exagero e impacto, algo típico da dupla de criadores.

Até os NPCs carregam um peso narrativo em seus diálogos, ajudando a reforçar o clima de um mundo estranho e instigante, mesmo dentro da lógica de roguelike.

Um roguelike travado, mas sanguinário

A jogabilidade segue um ciclo direto, mas bem pensado. O jogador escolhe um andar, avança até o chefe e cruza portas opcionais que podem render bônus ou armadilhas. A morte leva de volta ao saguão, onde os recursos coletados podem ser gastos. Não gastar significa perder. Isso mantém a tensão e dá ritmo ao progresso.

Um detalhe curioso aparece quando o jogador retorna: um clone chamado Fantasma Slasher, reflexo da última partida, surge no caminho. Esse eco pode ajudar ou atrapalhar, bloqueando golpes ou distraindo inimigos. O resultado depende da forma como o jogador encara a próxima rodada.

O combate, entretanto, não acompanha a mesma fluidez. Combos com ataques leves e pesados, armas de fogo, bloqueios e esquivas funcionam em teoria, mas a execução parece travada. As animações carregam um atraso que dificulta o ritmo.

Muitas vezes, o obstáculo não está nos inimigos, mas nos próprios controles. Isso frustra, sobretudo quando as fases pedem agilidade em plataformas. O Medidor de Caveira, por outro lado, acrescenta um toque interessante: cada inimigo derrotado deixa sangue, que aumenta atributos até liberar um golpe especial de Dr. Carnival. A mecânica se encaixa bem no ambiente do jogo.

Descobrir, desbloquear, insistir

Exploração é palavra-chave em Hotel Barcelona. Segredos, easter eggs e minijogos estão espalhados pelo hotel. Até roupas alternativas de Justine escondem referências. O jogo premia a curiosidade, e cada avanço desbloqueia novos recursos.

Eventualmente, até um modo multijogador se revela, permitindo cooperação ou invasões PvP. É um acréscimo inesperado, mas que faz sentido dentro da proposta de exploração.

Considerações finais desta review de Hotel Barcelona

Hotel Barcelona reflete a identidade de seus criadores: estranho, sangrento e cheio de referências ao terror. O enredo funciona, o estilo visual se destaca e a estrutura curta mantém o ritmo. O combate, no entanto, limita a experiência, com controles rígidos que aumentam o desafio do game, mas não do jeito que tem que ser.

E não pense que Hotel Barcelona é um jogo fácil, não é! Mas, pode te viciar com facilidade. A busca por melhorias, os segredos escondidos no hotel, as runs diferentes que podem ser feitas com a Vanessa Mcneill e as ofertas surpresas com o Mr. Clow, fazem cada jornada terminada ser um incentivo para uma nova.

Quem busca ação constante talvez não encontre aqui o destino ideal. Mas fãs de terror e de jogos com camadas de segredos encontrarão um hotel que, mesmo caótico, insiste em permanecer na memória.

Pontos fortes

  • Atmosfera de terror
  • História direta e cenário peculiar
  • Chefes e NPCs marcantes
  • Estrutura roguelike bem planejada
  • Segredos abundantes
  • Modo multijogador desbloqueável

Pontos fracos

  • Combate pouco responsivo
  • Controles que ampliam a dificuldade sem necessidade
  • Referências que podem se perder para quem não conhece o gênero

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Apaixonado por games, filmes, séries, músicas, HQ's e por cachorros. Jogos desafiadores são meus preferidos. Jogo, assisto, ouço, leio e, às vezes, exerço minha profissão de professor.