Crítica | Resident Evil: Death Island (2023)

A japonesa Capcom fez de Resident Evil um dos seus maiores sucessos. Franquia com dezenas de jogos que arrastou uma legião de fãs. Fora isso, viu nos remakes de alguns jogos um filão inesgotável para aumentar seus lucros.

Infelizmente, Resident Evil não fez esse mesmo estrondoso sucesso entre seus filmes live-actions. As produções cinematográficas costumam trazer um roteiro fraco, as tramas acabam inventando demais sem conseguir êxito, fogem bastante do universo e do contexto dos jogos.

Por sua vez, as animações até que acabam regulares e o resultado final é menos desastroso que os filmes. Embora ainda seja muito pouco para o que muitos fãs esperam. Resident Evil: Condenação (2012) ainda é a melhor animação e a com melhor média entre os internautas se pegarmos sites de avaliação como o IMDB. Mesmo assim, a animação não passa da média 65 no site.

Vamos reunir a turma

O cenário de Resident Evil: Death Island, a nova animação, é a Ilha de Manhattan, propriamente no interior do presídio de Alcatraz. Entretanto, o primeiro maior diferencial aqui, em relação às produções anteriores, é colocar praticamente todos os personagens principais juntos. Sim, isso mesmo. Chris Redfield, Jill Valentine, Leon S. Kennedy, Claire Redfield e Rebecca Chambers. É muita força bruta.

Também, pela primeira vez na história da franquia, temos Jill e Leon juntos. E são de ambos as cenas mais agradáveis da produção. Leon, mesmo no momento mais caótico e menos confortável, solta suas piadinhas e sai sem arranhões. Jill, por outro lado, precisa superar seus próprios traumas e pode ser um dos elementos principais da trama, pois sua condição psicológica e seu passado conturbado é colocada à prova aqui.

O velho Resident Evil intacto

Mas fique sabendo que o universo de Resident Evil não muda o bastante. Então, já desconfie do que você encontrará pela frente. Ameaças letais, ação frenética e ininterrupta, criaturas gigantes e quase indestrutíveis que geralmente precisam de muito esforço para morrerem. Aqui, a trama também adiciona a tecnologia e a robótica como um perigo a mais para um uma ameaça viral mundial que sempre está presente na franquia.

A franquia mudou bastante seus primórdios de Survival Horror para se embrenhar numa espécie de Blockbuster Hollywoodiano. Ajuste o som e as cores do sua TV pois aqui não é diferente: um festival de explosões, tiros e lutas.

Alguma carga dramática

O roteiro trabalha com dois planos espaço-temporais. Junto com a ameaça que infesta Alcatraz, no tempo atual, também voltamos ao passado, para Raccoon City, onde vemos um grupo de soldados que precisam lidar com o caos que está transformando as pessoas em zumbis. Tudo ainda de origem desconhecida e essas cenas realmente são bem dramáticas, inclusive com o medo e o nervosismo que toma conta dos soldados sem saber o que estão enfrentando.

Interessante também ver como cada personagem é apresentado na trama. Mesmo com a truculência de Chris, o bravo personagem está preocupado com Jill e também ressentido pelos fatos ocorridos em seu passado. Aliás, esse peso na consciência de ambos está relacionado com os eventos que ocorrem no quinto e sexto jogo da franquia (RE5 e RE6), mostrando assim que a animação contextualiza corretamente os fatos, ao menos.

Exageros e velhos clichês

E não pode faltar o velho e maléfico vilão. Sem ele, Resident Evil não seria completo. Apresentado gradativamente na trama, o espectador precisará ligar alguns momentos da história para descobrir sua identidade e saber mais sobre suas teorias e intenções (geralmente formuladas sob uma perspectiva clichê e sem muitas novidades).

Embora nossos personagens sejam de carne e osso, mais parecem ter saído de algum filme de X-Men da Marvel. O exagero é extrapolado, tudo em prol de cenas épicas e frenéticas que, em algumas ocasiões, até trazem associações com memoráveis passagens dos jogos clássicos (RE3, por exemplo).

Uma narrativa previsível, ação em demasia, mortes, sangue, muita CGI. Normal. Resident Evil continua com sua essência, sobretudo se pegarmos como a mentalidade da franquia mudou do quarto jogo em diante. E no resultado final, continua ainda sendo melhor que as live-actions e até deixa uma brecha para um possível jogo com a mesma ideia no futuro.

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