Star Wars: A Ameaça Fantasma | fomos justos com George Lucas?

Já fazem 25 anos do turbulento lançamento do filme que, sem a menor dúvida, já foi o mais aguardado na face da Terra, cá estou eu para falar sobre Star Wars Episódio I – A Ameaça Fantasma. Por 16 anos, milhões de fãs aguardaram ansiosamente o diretor George Lucas (“Loucuras de Verão”) lançar o primeiro episódio de uma trilogia cuja história precederia a série de filmes mais adorada de todos os tempos, Star Wars. Mas será que a famosa magia encontrada nos filmes originais permanece em Episódio I?

Bem, essa pergunta tem, em minha modesta opinião, uma resposta bem simples: a magia está sim presente no filme, porém George Lucas cometeu alguns deslizes graves, e este episódio não se equivale a nenhum dos três lançados anteriormente. Vou ser sincero para com você, leitor: minha opinião sobre A Ameaça Fantasma já mudou três vezes desde que vi o filme nos cinemas – aliás, foi o primeiro que vi nas telonas, no auge dos meus… 5 anos.

A Ameaça Fantasma

O primeiro episódio de Star Wars cronologicamente falando, e o quarto em ordem de lançamento, é muito provavelmente o filme mais polêmico de toda a saga. Fica difícil falar dele, já que quem o viu no encaixe de toda a história passa a aprecia-lo a sua maneira. Sim, o filme sofre de defeitos nítidos, mas não é esse problema todo que falam por aí. Dito isso, vamos então a análise.

O filme inicia de uma forma interessante, não falo do letreiro inicial, que tradicionalmente serve para dar um contexto aos filmes da saga, mas sim a cena posterior, a chegada dos dois embaixadores que na verdade são cavaleiros Jedi, Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor)um aprendiz Padawan, que por si só já instiga a atenção, dado que a última vez que o público o havia visto, ele era um “mestre ancião”, e seu Mestre Qui-Gon-Jinn (Liam Neeson), que quando descobertos, tem de fugir da base da Federação sobre Naboo. Há que se reconhecer que é uma excelente apresentação dos dois personagens, aliás toda essa cena merece um destaque e apesar de simples para alguns, tem seu valor merecido.

Algo deu errado no meio do caminho

A partir desse momento tudo desanda. Somos apresentados tenebroso Jar Jar Binks e tenebroso Jar Jar Binks e outros personagens tão desinteressantes quanto, como Boss Nass e Watto. Mas, o que acredito que é mais desgostoso no filme desse ponto pra frente é a exploração de um universo falso, com personagens em computação gráfica que simplesmente não convencem ao contracenar com atores reais. Com uma projeção que não têm peso, não parecem efetivamente existir naquele mundo. Ou, ao menos, os atores reais não parecem combinar com esse mundo.

Star Wars: A Ameaça Fantasma | fomos justos com George Lucas?
O tenebroso Jar Jar Binks é a cara de tudo de errado que deu nesse longa (Foto: Reprodução/Fox)

Aquela impressão de mundo vívido que tanto marcou a Trilogia Original desaparece aqui e é trocada por uma limpeza constrangedora, um polimento extremamente exagerado. A computação gráfica causa um outro problema sério que, combinada com a pouca habilidade – ou experiência – na direção termina por descarrilar A Ameaça Fantasma: a sofrível qualidade das atuações. Apesar de um elenco formado por dois atores experientes e promissores o que vemos na tela é um show de horrores.

As sofríveis atuações

Neeson está perdido entre um Mestre Jedi filosófico e um tanto hippie e McGregor não sabe nem mesmo para que lado olhar. Natalie Portman (“Segredos de Um Escândalo”), então, com aqueles figurinos estapafúrdios, parece completamente perdida e deslocada, sem conseguir pronunciar uma frase sequer que não seja de maneira robótica, como se estivesse lendo.

Porém, o grande destaque fica com Jake Lloyd (“Um Herói de Brinquedo”) no papel do jovem Anakin Skywalker. Embora seu trabalho interpretativo é fraco, é impossível culpá-lo completamente. Lucas falhou feio aqui tanto em sua escalação quanto em sua direção. Lloyd só mexe em botões e alavancas e escancara o quão fraco são os diálogos da obra.

E, efetivamente, o roteiro de A Ameaça Fantasma navega entre complicações desnecessariamente idiotas (Federação de Comércio? Bloqueio a Naboo? Votos no Senado Galático? Siths que só podem existir em pares?) e diálogos pueris e artificiais que são o equivalente falado ao arranhar de um quadro negro por unhas compridas. São seguidos momentos de vergonha alheia que não só desmontam a mitologia anteriormente estabelecida, como tentam justificar determinados caminhos tomados com criações pseudo-filosóficas que são de revirar os olhos.

O problema sou eu, e talvez você também

Embora tenha “descascado” a obra até então, já sou maduro o suficiente pra saber que eu era o público-alvo de A Ameaça Fantasma na época que foi lançado, há 25 anos. Revisitando pela última vez fica evidente o tom infantil do longa. A trama demasiadamente chata envolvendo o Senado segue sendo algo deslocado, mas consigo ver que Lucas imaginando essa chatice seria o que prenderia o público adulto, o tornando um filme família.

A Ameaça Fantasma é claramente um filme repleto de erros. Afinal, o próprio Lucas tinha acertado a mão na trilogia passada, com filmes que eram voltados, inicialmente, para o público infantil, mas sem nunca deixar de ser família. O primeiro filme da nova – agora, nem tão nova assim – trilogia não me parece complicado para adultos e até mesmo – ou principalmente, a depender da pessoa – para iniciados na saga.

A magia de Star Wars

Star Wars: A Ameaça Fantasma | fomos justos com George Lucas?
(Foto: Reprodução/Fox)

Embora goste de Star Wars desde que me entendo como gente, uma coisa que nada dos problemas acima citados apagou: a magia de Star Wars. Mesmo que por meio de lampejos, não só A Ameaça Fantasma, mas toda trilogia prequela foi extremamente importante para a manutenção da base de fãs da franquia, e, principalmente, conquistar novos.

Seja a com as corridas de pods, as novas coreografias de lutas e até as novas músicas de John Williams – como a sensacional “Duel of the Fates”. Por fim, achei muito interessante fazer essa revisita, sem pedras nas mãos, com o coração aberto. E finalizo com uma fala de Ewan McGregor, em uma entrevista ao programa do Jimmy Kimmel:

Acho que são tipos diferentes de pessoas. As que eu conheço hoje que realmente amam a trilogia prequel eram crianças na época. Ninguém dava ouvidos às opiniões deles porque eles eram crianças e também porque não existia internet. Mas agora eu me sinto mais próximo a eles e realmente sou grato.

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