O cinema moderno, a partir dos anos 60 ganhou cores e o modo de fazer filmes mudou completamente com a teoria das cores; entenda.
Você já parou para pensar que uma cor predominante em uma cena de filme pode significar alguma emoção ou sentimento? O uso das cores no audiovisual visa atingir o público, mesmo que inconscientemente, sobre o que deverá ser pensado dos personagens em cada situação.
Muito se ouve falar sobre o significado das cores e a psicologia das cores. Mas o que muitos esquecem é que existe aplicações diferentes – embora, em alguns casos parece existir uma linha tênue entre um e outro – no uso da chamada teoria das cores uma obra artística e na publicidade.
O significado das cores frequentemente é inspirado na psicologia das cores. A psicologia ou simbologia das cores se baseia em estudos que documentam a associação de determinadas cores a emoções, sentimentos e lembranças – vale lembrar que essa também é uma associação contextual e cultural.
As cores também podem possuir significados atribuídos a elas que não estão relacionados à psicologia. É comum encontrar significados espirituais, de crenças populares e supersticiosos. Por isso, entender o contexto cultural do público-alvo da obra ajuda muito a decidir que cores devem ser usadas para despertar determinadas emoções.
Além disso, a cor pode ser usada para enfatizar certos elementos na tela, como objetos ou personagens. Por exemplo, o personagem principal muitas vezes pode ser mostrado vestindo um item de cores vivas, como uma camisa vermelha, para chamar a atenção do espectador. Ou, por exemplo, o azul, que é frequentemente associado à tristeza ou solidão, enquanto o vermelho é associado à paixão ou raiva.
No cinema, essas cores podem ser usadas para criar um certo clima ou intensificar o humor de um personagem.
A diferença do arte para a venda
Embora aplicáveis, esses exemplos acima, além de muito simplistas, são realmente mais fortes quando relacionados à publicidade.
No cinema há dentro do estudo da teoria das cores, a aplicação do esquema de cores que, de forma resumida, é uma espécie de junção dessas cores em uma só cena, dando ao espectador um gama maior de sentimentos que uma cena pode apresentar a ele.
Dessa forma, o esquema de cores se diferencia da publicidade uma vez que, para vender, é muito melhor ter uma ideia central. Nesse sentido, a função de cores pode causar confusão.
A Coca-Cola e o Mc’Donalds possuem cores primárias, quentes e fortes para despertar fome e sede do potencial cliente. Essas empresas jamais teriam uma mistura de cores, pois não vende.
Outro fator que diferencia no aplicação da cor no audiovisual é que elas podem indicar bem mais que sentimentos, como é o caso da temperatura e um exemplo clássico é de como o cinema hollywoodiano representa países latino-americanos, com paletas com tons de laranja criam um ambiente quente, enfatizado pela falta de água, que reforçam mais ainda a ideia de um local abafado a ardente.
Assim como no caso acima, embora seja uma piada, é comum séries e filmes utilizarem filtros, trabalhados na pós-produção. E essa é uma função muito importante do diretor de fotografia, visto que, no momento de captação da cena, a cor real nem sempre é a cor que o diretor quer que seja a do corte final.
O tal da paleta de cores
Já que foi citada, é importante também entender o que é uma paleta de cores. Ela compõe uma combinação que também se apoia na percepção da cor. Logo, a paleta utilizada deve ser pensada com precisão.
Alguns exemplos de combinações são a partir de cores complementares, de cores análogas ou da tríade. Porém, existem mais formas de definir uma paleta dependendo do número de cores que se pretende usar. Veja exemplos:
Mesmo que você não tenha assistido nenhum dos filmes acima, dá para entender a aplicabilidade de suas cores para além do que é mostrado ou dito.
Não há filtros, é um trabalho de construção da mise-en-scène – que, resumidamente, é tudo aquilo que aparece no quadro e a forma como ele é montado. Cenário, atores, figurino, maquiagem, e até mesmo luz!
Mais detalhadamente o uso dessas cores e seu contraste no cinema:
Cores quentes:
- O vermelho é uma cor intensa, associada à paixão, ao amor, à raiva e ao perigo. No cinema, o vermelho muitas vezes é utilizado para destacar elementos importantes na cena, como sangue, fogo ou objetos de grande importância emocional;
- O laranja é uma cor vibrante, associada à energia, à criatividade e à vitalidade. No cinema, o laranja pode ser utilizado para transmitir sentimentos de entusiasmo, alegria ou excitação;
- O amarelo é uma cor brilhante, associada à luz, à felicidade e à positividade. No cinema, o amarelo pode ser utilizado para criar uma atmosfera ensolarada e acolhedora, ou para representar a esperança e o otimismo.
Cores frias:
- O azul é uma cor tranquila e serena, associada à calma, à melancolia e à introspecção. No cinema, o azul pode ser utilizado para transmitir uma sensação de paz e tranquilidade, mas também pode ser usado para criar uma atmosfera sombria e misteriosa;
- O verde é uma cor associada à natureza, à vida e à renovação. No cinema, o verde pode ser utilizado para evocar uma sensação de frescor e vitalidade, mas também pode ser usado para transmitir uma atmosfera de mistério ou perigo;
- O roxo é uma cor misteriosa e intrigante, associada à magia, à espiritualidade e à realeza. No cinema, o roxo pode ser utilizado para criar uma atmosfera de fantasia ou para transmitir uma sensação de mistério e intriga.
Bem mais do que ilustrar, as cores não são inseridas por acaso, carregando o importante papel de nos transmitir emoções e auxiliar no rumo da história.
O conjunto de cores é um elemento essencial para o cinema, ajudando a conservar cenas memoráveis que jamais teriam o mesmo efeito se não fosse pela escolha da cor.
E você, lembra de alguma cena que não teria o mesmo significado se não fosse pela cor? Conta pra gente nos comentários!
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