A 2ª temporada de Arcane começou em clima de tensão em seus três episódios iniciais. Após a Jinx destruir o Conselho e gerar inúmeras mortes, inclusive a da mãe da Caitlyn, tudo parece ir por água abaixo. O que já não estava bom para as pessoas do submundo de Zaun, ficou pior, o que nos leva a pensar: até que ponto a violência vale a pena?
Arcane e a desigualdade social
Não é segredo para ninguém que Arcane aborda questões de classe social. A série é bastante explícita quanto a isso, sem intenção de parecer extremamente complexa, apenas para que os esolhidos pudessem entender do que se trata.
Juntamente com isso, desde a primeira temporada, fomos apresentados à violência policial, que matou a família de muitas pessoas, como a de Vi. Para sobreviver, ela e sua irmã foram viver com Vander, onde aprenderam a se defender e a lidar com as mais diferentes situações no submundo. Com uma realidade difícil, em que todos os dias novos desafios devem ser encarados, alcançar uma vida plena é difícil.
Contudo, após uma briga entre as irmãs, a mais jovem encontra apoio em um dos cabeças do submundo, Silco, líder da criminalidade, com o objetivo de tornar o submundo independente de Piltover – para isso, vale tudo. E é assim que nasce a Jinx.
O que acontece quando ninguém concorda entre si

Os fins justificam os meios? Dentro do submundo, vemos que nem todos concordam entre si. Enquanto Silco está disposto a fazer qualquer coisa pela independência do submundo, há pessoas que pretendem seguir um caminho mais moderado, gerando clima de tensão entre eles.
Na segunda temporada, vemos que o mesmo tipo de problema acontece em Piltover. Após Jinx explodir o Conselho, ela gera um sentimento de revolta em muitas pessoas da cidade, que pretendem desturir o submundo e todos lá presentes. Discursos que reduzem a população a monstros se tornam comuns. A violência policial é amplamente justificada.
Enquanto isso, há pessoas que, apesar da raiva, buscam controlar esse sentimento de revolta. Caitlyn, por exemplo, se encontra em uma situação complexa, em que vive o luto de sua mãe, morta pelas mãos de Jinx; em que se apaixona por Vi; e em que carrega a responsabilidade do cargo de sua falecida mãe. Qual será o próximo passo? A confusão da personagem é evidente: a raiva é grande, mas não deve justificar assassinato em massa.
Mel também insiste em adotar uma postura moderada. Ela defende que nem todos do submundo podem ser equiparados a assassinos. Destruir o submundo significa matar inocentes. Sua mãe, Ambessa, por outro lado, adota uma postura radical. E aqui também há uma situação interessante sobre relações conturbadas entre mãe e filha.
De quem é a culpa?
Não teria Piltover responsabilidade pela violência que eles próprios recebem? A todo o momento, Arcane nos coloca em um contexto de “nós contra eles” sem fim. Os barões do submundo são postos como vilões, enquanto que o Conselho é, de modo geral, composto por pessoas de boa moral e caráter. Racionais. Exceto, é claro, quando são confrontados. Nesse momento, a raiva controla cada decisão.
Isso é evidente na personagem de Cait que, em comparação aos seus semlhantes, tenta adotar uma postura “amigável”. É como se a série quisesse nos dizer que “veja só, nem todos são tão monstruosos assim!”
E é verdade. Pode ser que nem todos sejam. Mas o que eles representam não pode ser ignorado. Sem qualquer ação efetiva para melhorar a qualidade de vida das pessoas, o caos pode – e irá – reinar. Se isso justifica a ação de Jinx, fica a critério de cada um.
Mas o ponto é evidente para qualquer pessoa: quando pessoas que passaram toda a sua vida oprimidas por um sistema autoritário – que se benficia da miséria dos mais fracos e nada faz para mudar essa realidade – se cansam, não dá para esperar muita diplomacia.
Eu, pessoalmente, não sou muito fã da saída que a Jinx encontrou – até porque os resultados não foram dos mais pacíficos, mas pelo menos fez com que o povo entendesse quem é o principal culpado: Piltover. De repente, Jinx vira uma heroína revolucionária e mobiliza milhares de pessoas a tomar algum tipo de ação… Os fins justificam os meios?
A revolta é a melhor arma contra o submundo

E é aí que uma das maiores vilãs da série mostra as garras: Ambessa cria o problema para justificar sua solução. Após a explosão, e após as argumentações de que nem todos do submundo são monstros, Ambessa convida os barões para fazerem o caos durante o discurso de Mel para, depois, poder matá-los.
Nesse momento, vemos como as pessoas com poder em mãos são capazes de trair seu próprio povo para desturir seus principais inimigos. De modo geral, a revolta não funciona; conversar também; não fazer nada, é claro, não resolve nada. É um sentimento de fracasso e estagnação que, no fim das contas, pode gerar ainda mais violência, pois é a única forma de expurgar as frustrações.
Então quem está com a razão? Os barões estão certos em matar? O Conselho está certo em reagir?
O desejo de matar não precisa de muita justificativa além de esperar a primeira pedra ser lançada. Quem ataca primeiro merece castigo, quem ataca depois apenas se defende. Ambessa não é boba quando se aproveita do ataque para podere se igualar aos seus inimigos para se defender. E isso é bobagem. É apenas vontade de matar com um pretexto moralmente correto.
Temos um Messias?
Enquanto todo mundo parece estar se matando, Viktor resolve sair do seu casulinho, fala suas frases de efeito para Jayce, que decide abandonar seu cargo para ajudar o amigo, e volta para o submundo. Por lá, ele cura algumas pessoas e age como um verdadeiro Messias.
Será interessante ver o idealismo de Viktor tomando forma, especialmente com as pessoas que mais precisam dos seus novos “poderes”. De repente, tomar algum tipo de ação positiva seja a atitude que precisávamos! Quem diria! Mas será que ele sustentará esse posicionamento?
Leia mais:
Deixe uma resposta