Review | Lies of P: Overture é o prelúdio sangrento que você não sabia que precisava

Lies of P conquistou corações ao reimaginar a fábula de Pinóquio como uma sombria odisseia soulslike, recheada de marionetes ensandecidas, alquimistas perversos e combates precisos. Agora, a NEOWIZ retorna com Lies of P: Overture, um DLC prequel que aprofunda o lore de Krat e traz uma nova leva de desafios brutais, armas letais e ambientações arrepiantes. A pergunta é: trata-se de uma expansão memorável ou apenas mais ferrugem aplicada sobre engrenagens já conhecidas?

A resposta, felizmente, pende para o lado positivo — especialmente para os fãs do jogo base.

Um retorno à origem do caos

Simples de acessar, difícil de esquecer

Diferente das expansões enigmáticas de jogos como Bloodborne ou Dark Souls, iniciar Lies of P: Overture é direto ao ponto: basta concluir o Capítulo 9 da campanha principal e seguir as instruções fornecidas. Em segundos, o jogador é transportado para uma nova linha temporal, onde reencontra P envolvido nos primeiros dias do colapso de Krat.

Esse aspecto de fácil acesso funciona muito bem para aqueles que pausaram o jogo original e desejam mergulhar de volta ao seu mundo com rapidez. Não há necessidade de adivinhações crípticas: o novo conteúdo se apresenta de forma clara, algo raro em experiências soulslike.

Nova ambientação, mesmos pesadelos

Cenários inéditos com peso narrativo

Overture evita reciclar áreas conhecidas. Em vez disso, leva o jogador a locais inéditos, como a Fundição Elísia, um setor industrial tomado pela decadência metálica, e o Salão da Orquestra, onde o passado cultural da cidade se esvai em meio a escombros e ecos de violência.

Essas regiões são não apenas visualmente impactantes, mas densas em narrativas ambientais — desde diários de engenheiros até restos de marionetes que sugerem falhas em experimentos inumanos. Explorar esses espaços é essencial para absorver o peso trágico que permeia a expansão, e há incentivo de sobra: novas missões secundárias, trajes, armas, fragmentos de história e itens escondidos em cada canto.

Embora a estrutura dos níveis siga linear, como no jogo base, a expansão recompensa a curiosidade com segredos valiosos e caminhos alternativos — especialmente úteis para aqueles que gostam de experimentar builds diversas.

História mais direta, mas não menos sombria

Um conto de dor antes da queda

A trama de Overture se passa antes do caos total instaurado em Lies of P. É o prenúncio da tragédia — quando os Alquimistas ainda estavam apenas iniciando seus experimentos nefastos e a rebelião dos títeres engatinhava. Nesse cenário, P encontra a misteriosa Lea Monad, e a jornada adquire contornos mais emocionais, sem abandonar a estética enigmática típica dos jogos do gênero.

Comparada ao jogo base, a narrativa aqui é mais clara. Há mais cutscenes, mais dublagem e uma progressão emocional palpável, mesmo que muitas camadas ainda estejam veladas por simbolismos e lacunas. Para fãs atentos à lore, o conteúdo oferece um aprofundamento valioso. Para novatos, pode parecer um quebra-cabeça.

Entretanto, é magnífica como a lore desse conteúdo adicional se interliga com o jogo base. E, além disso, após fechar a DLC, algumas coisas novas são adicionadas ao título original, o que mostra o cuidado e a paixão por cada detalhe por parte da desenvolvedora. Vale a pena ficar de olho nisto!

Combate afiado como sempre — e ainda mais difícil

Velhos reflexos, novos testes

Jogabilidade é o coração de qualquer soulslike, e Lies of P: Overture preserva o núcleo já consagrado: aparar, esquivar, gerenciar stamina e punir os erros do inimigo. A boa notícia é que os novos desafios não soam como mais do mesmo. O DLC traz inimigos híbridos, misturando o comportamento errático das marionetes com a agressividade alquímica, criando padrões de ataque mais imprevisíveis.

Os chefes, embora em menor número, são espetaculares. Um dos destaques é Markiona, cuja batalha entrega não só espetáculo visual como um teste tático brutal. A hora final da expansão é, inclusive, um dos momentos mais intensos do universo Lies of P, culminando em uma luta final cinematográfica e com peso emocional genuíno.

Diferente de outras obras do gênero, Overture não recorre tanto ao excesso de combos longos. Aqui, a dificuldade vem de padrões velozes, janelas curtas de contra-ataque e a precisão exigida nos Bloqueios Perfeitos. O equilíbrio entre desafio e justiça se mantém firme.

Armas, builds e personalização

Uma das maiores virtudes da expansão está no seu arsenal. As novas armas são não apenas estilosas, mas funcionais. A build de Técnica ganha vida com as Garras da Morte, que rasgam inimigos com ataques rápidos e uma Arte da Fábula devastadora. Já a Cavaleiro Pálido, uma gunblade com explosões embutidas, se destaca nas builds de Motricidade, além disso, guarde esse nome: Sabre da Rosa de Monad, você vai querer fechar este título, mais uma vez, com esta arma!

Além disso, há dois novos Braços Legionários: uma espingarda devastadora e um lançador de discos giratórios que pairam no campo, causando dano contínuo. Ambas corrigem uma crítica comum ao jogo base, em que as armas de braço eram situacionais demais. Aqui, elas são úteis, práticas e estrategicamente versáteis.

E o melhor: todas as novas armas são compatíveis com o conteúdo base, o que amplia ainda mais as possibilidades de experimentação, especialmente no New Game+

A decadência continua deslumbrante

Overture mantém a qualidade visual do jogo base, rodando com suavidade no PS5 (e no PC, segundo outros testes), oferecendo 60 fps estáveis no modo desempenho e texturas ricamente trabalhadas no modo qualidade.

NPC em Lies of P: Overture

Os cenários são verdadeiras pinturas trágicas: corredores sombrios, oficinas iluminadas por brasa e claraboias que projetam feixes de luz sobre o pó e o sangue. A iluminação se destaca como elemento de ambientação e tensão, enquanto o feedback tátil do controle DualSense aumenta a imersão em cada golpe e passo.

Acessibilidade e novidades

A chegada de Overture foi acompanhada por uma atualização gratuita com foco em acessibilidade. Agora há dois modos de dificuldade reduzida, ideais para jogadores menos experientes com soulslikes. Também foram adicionadas opções para daltônicos e ajustes finos na intensidade dessas opções, tornando a experiência mais inclusiva.

Vale a pena jogar Lies of P: Overture?

Sim — com algumas ressalvas. Overture não reinventa a roda, mas refina, expande e aprofunda o que já era excelente. Seu escopo limitado (de 6 a 8 horas para quem joga direto, ou até 25 horas para exploradores minuciosos) pode ser visto como um ponto fraco, mas o conteúdo é denso, polido e impactante.

A expansão não é para todos. Quem não se conectou com a dificuldade ou ambientação do jogo base não encontrará aqui uma redenção. Mas para fãs, é um retorno triunfal à tragédia mecânica de Krat — uma que, com sorte, pavimenta o caminho para uma sequência ainda mais ambiciosa.

Prós e contras — O que Lies of P: Overture oferece de melhor (e o que pode decepcionar)

Pontos positivos:

  • História prequel envolvente que aprofunda o universo de Lies of P
  • Novos chefes brutais e memoráveis
  • Armas criativas com alta compatibilidade e personalização
  • Ambientações inéditas e visualmente marcantes
  • Opções de acessibilidade bem-vindas
  • Performance sólida em consoles e PC

Pontos negativos:

  • Curta duração pode desapontar quem busca um DLC mais extenso
  • Requer domínio da história do jogo base
  • Pode frustrar jogadores mais casuais, mesmo com as facilidades adicionadas
  • Estrutura ainda linear, com pouca liberdade real de progressão

Conclusão

Esta review de Lies of P: Overture mostra que a NEOWIZ acertou ao focar em uma experiência curta, mas poderosa. É um DLC que respeita a inteligência dos jogadores, entrega um desafio brutal com respeito e honra ao jogo original. Overture não é apenas uma ponte narrativa — é um lembrete de que o mundo de Lies of P ainda tem muito a dizer.

Se você ainda escuta o tilintar das engrenagens de Krat nos seus sonhos, está na hora de retornar.

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Apaixonado por games, filmes, séries, músicas, HQ's e por cachorros. Jogos desafiadores são meus preferidos. Jogo, assisto, ouço, leio e, às vezes, exerço minha profissão de professor.