Embora tenha criado boas histórias, o arco da temporada foi o mais fraco desde que Russell T Davies ingressou na série.
O episódio final da 1ª temporada da era Ncuti Gatwa (“Sex Education”) de Doctor Who, “Império da Morte”, parece encapsular seu tempo na TARDIS – tematicamente ousado, tecnicamente bem produzido e excelentemente interpretado. No entanto, o showrunner Russell T Davies trouxe sua conclusão de arco mais fraco no comando da série.
O episódio da semana passada, “A Lenda de Ruby Sunday“, que foi a primeira metade deste final de temporada em duas partes, terminou com o grandioso retorno de um velho inimigo – Sutekh, o Deus da Morte. Introduzido pela primeira vez em “Pyramids of Mars“, de 1975, como um alienígena que era adorado como um Deus, ele agora foi reestabelecido como uma divindade sobrenatural cujo “pó da morte” – areia mágica que mata qualquer um que tocar – está se espalhando pelo universo.
Em Império da Morte, Doutor e Mel (Bonnie Langford) não têm escolha a não ser correr. Em uma cena de perseguição emocionante, eles fogem na garupa de uma scooter enquanto o pó de Sutekh engole Londres.
Só há um problema: Sutekh, que é ricamente representado como uma grande criatura canina em CGI, tomou o controle da TARDIS do Doutor. Ele afirma que tem sido um clandestino por milhares de anos e tem semeado versões de Susan Triad (Susan Twist) em todos os lugares onde a TARDIS pousou para espalhar seu pó da morte. É por isso que o Doutor continua encontrando a mesma mulher repetidas vezes no tempo e no espaço.
A revelação de que o Doutor é parcialmente responsável por matar todos os mundos que visitou dá a Gatwa a oportunidade de mostrar seu melhor grito angustiado da temporada. Há uma qualidade refrescante dessa versão do Doutor ser emocionalmente vulnerável, embora eu não consiga me livrar da sensação de que Gatwa chorou demais nos últimos oito episódios.
É uma pena – Império da Morte merece lágrimas bem justificadas. Veja a cena melancólica entre o Doutor e uma mãe (Sian Clifford) em um mundo devastado por Sutekh. O pó é tão destrutivo que pode até matar memórias, e ela esqueceu de tudo – até da morte de seu filho. É uma aparição surpreendentemente curta para uma atriz do calibre de Clifford, mas ela faz cada segundo valer a pena.
O outro momento comovente é o mistério da mãe biológica de Ruby (Millie Gibson), que acaba sendo a chave para derrotar Sutekh. A única coisa que o Deus ama mais do que a morte é… uma boa fofoca; ele simplesmente não pode suportar governar um universo silencioso até saber a resposta para a maior pergunta da série. O Doutor e Ruby usam a promessa de respostas para atrair o curioso canino para uma armadilha – uma que termina com a imagem ridícula de Sutekh em uma coleira, sendo arrastado pelo vórtice do tempo pela TARDIS.
É aqui que a trama sem sentido entra em ação. Pois a mãe de Ruby não é um grande ponto de virada, mas uma enfermeira comum de Leeds chamada Louise (Faye McKeever). Você pode praticamente ouvir a trama rangendo, tentando justificar isso, dado todas as provocações emocionantes que tivemos até agora, que acabaram sendo falsos alarmes.
No entanto, tudo acaba bem. A cena de reencontro entre Ruby e sua mãe, que se encontram em uma cafeteira, é tremendamente comovente. Assim como o momento em que Ruby decide deixar a TARDIS para trás e se concentrar em encontrar seu pai. A dinâmica entre o Doutor e Ruby pareceu subdesenvolvida – devido as poucas aventuras juntos – nesta temporada, mas Gibson faz um trabalho maravilhoso ao vender a tristeza da separação.
Para nós, porém, a tristeza não durará muito. Como a maravilhosamente enigmática Mrs. Flood (Anita Dobson), que quebra a quarta parede, nos lembra, nos encontraremos novamente no especial de Natal deste ano de Doctor Who. “Lamento dizer que a história dele termina em absoluto terror”, ela diz, sorrindo com um ar ameaçador. “Boa noite!”
Esperamos que o Natal seja um pouco mais empolgante.
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