A Apple TV+ disponibilizou nesta sexta-feira (25) o oitavo e último episódio de Ladrões de Drogas, sua minissérie estrelada por Brian Tyree Henry e Wagner Moura. Em “Pessoas Inocentes“, a obra passa bem longe do ápice esperado para o seu final e dá sono, logo após dois episódios que entregaram bem mais que o último.
Um velório brasileiro que parece velar a obra
Em decorrência ao final do penúltimo episódio, Ladrões de Drogas traz brasilidade às telas, o que já poderia ter ocorrido antes com Manny (Wagner Moura). Assim, o velório do personagem parece não velar apenas ele, mas também o potencial da série, que foi perdendo força ao decorrer dos episódios, com pouquíssimos pontos altos.
O que começou com uma parceria de possível sucesso entre Brian Tyree Henry e Wagner Moura terminou em uma trama policial que se desenrolou rápido demais apenas no último episódio. Aqui vai uma confissão: talvez eu nem tenha entendido como se deve todo o enredo do episódio final e devo confessar também que o mesmo não me despertou esse interesse e chegou a me fazer bater cabeça de sono enquanto se desenvolvia de forma desinteressante.
Voltando ao velório em si, aqui fica claro pra mim que matar Manny não foi uma boa escolha e pareceu apenas uma saída para dar mais mais protagonismo a Mina e justificar a cena final e sequer podemos ver um luto sincero de Ray – o que até é justificável pelo turbilhão de emoções da trama. Um flashback de Ray e Manny na prisão, mostrando como se conheceram ou até mesmo decidiram realizar pequenos furtos juntos seria bem-vindo.
Aqui vale destacar a bela interpretação de Liz Caribel Sierra da música Iracema, de Adoniran Barbosa, enquanto a personagem se despedia de Manny na melhor e mais emocionante cena do episódio – esse é, inclusive, o ponto alto de Sherry em toda a série, sendo ela mais uma personagem que até possuía potencial, mas não foi bem aproveitada. Seu romance com Manny, por exemplo, foi confuso e me causou indiferença na maior parte do tempo; justamente quando isso poderia mudar, o brasileiro é morto sem haver nem mesmo a possibilidade de algo mais interessante, como uma fuga com sua amada.

Bons plots, mas pouca profundidade
Se há algo positivo, mesmo que confuso, no fim da série são plots até interessantes, como o envolvimento da própria polícia, de Son (Dustin Nguyen) e até mesmo do falecido terceiro elemento do assalto em toda a confusão. Ainda assim, seria mais interessante que o policial Mark (Amir Arison) fosse quem estivesse por trás de toda a sujeira que encurralou o protagonista e seus aliados e justificaria até mesmo o incômodo do mesmo com as investidas de Mina pelo sucesso de sua missão e vingança por seu antigo companheiro de investigação – que era mais um corrupto.
Por fim, Ray, Manny e até mesmo Mina não passaram de peças e armas utilizadas sem o devido consenso, e mesmo com um final satisfatório para Ray e Mina, ainda faz com que a importância deles em toda a teia criada pela narrativa fosse diminuída ainda mais. No fim, sequer há um verdadeiro senso de perigo quando a dupla é encurralada em um incêndio no trailer.
Tenho que confessar que aproximar Ray e Mina foi inesperado e até convenceu, por mais que tenha sido feito de maneira rasa. Aqui os créditos vão mais para os atores do que para a série em si, que assim como diversas questões poderia abordar o início dessa improvável relação anteriormente.

“Você está limpo”
A série se encerra ao menos deixando claro que Ray e Mina estão limpos, assim como os aliados restantes do protagonistas. Indiretamente a própria obra nos fala isso em sua última cena, onde a frase é dita em outro contexto pela agora possível ex-agente, seguida por um sincero “amém” do antes descrente Ray.

Por fim, Ladrões de Drogas deixa algumas pontas soltas e parece deixa-las no ar propositalmente. Enquanto nos convence que Ray e Mina não tinham uma grande importância e estavam apenas sendo usados também parece deixar em aberto a possibilidade de uma segunda temporada – eu, sinceramente, espero que isso não ocorra.
Leia as críticas anteriores:
- Primeiras Impressões | Ladrões de Drogas prova que se envolver com o crime nunca compensa
- Ladrões de Drogas – 1×3: Cabeças vão mesmo rolar?
- Ladrões de Drogas –1×4: Encarando a insanidade
- Ladrões de Drogas – 1×5: Menos crime, mais emoção
- Ladrões de Drogas – 1×6: Dor, paranoia e alucinações
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