No último domingo (11) foi disponibilizado o quinto episódio da segunda temporada de The Last of Us. “Sinta o Amor Dela” parece brincar com nossas impressões até aqui de forma brilhante, indo – ainda bem – de zero a cem bem rápido.
Os esporos e a reflexão sobre escolhas
No início do episódio somos introduzidos aos “esporos”, o que veríamos de forma mais clara com Ellie minutos depois. Elemento de contaminação já presente nos jogos, foi implementado de forma inteligente na série, como uma nova e macabra ameaça, estando presente junto a “crostas” de infectados presos.

Ainda na primeira cena, vemos alguém que, por conta dos esporos, teve de prender e possivelmente matar seu próprio filho, ainda sem a certeza do que realmente estava acontecendo, mas visando o bem maior da comunidade presente em Seattle. Esse é um perfeito paralelo à escolha de Joel (Pedro Pascal) na primeira temporada, mostrando que nenhuma das duas escolhas podem ser taxadas como erradas, mas são compreensíveis e possuem consequências severas: em meio ao risco da perda, devo priorizar salvar os meus ou a maioria?
Fim do arco “romance adolescente”
Há duas semanas atrás elogiei a escolha de Craig Mazin e Neil Druckmann em aprofundar mais o romance entre Ellie e Dina (Isabela Merced) na adaptação da HBO. Porém, não pude estar responsável pela crítica do último episódio por imprevistos, onde deixaria mais claro o quão achei vergonhosas e frustrantes as interações das duas personagens no quarto episódio – que culminou no deslocado diálogo “eu vou ser pai”, que inclusive se tornou “meme” durante a última semana.
A reação de Ellie pode ter sido humana, mas totalmente distante do esperado e aqui nem estou falando de qualquer comparação ao jogo, pois não quero dar credibilidade a esse tipo de crítica vinda de uma parte bem enjoada da comunidade. Porém, tudo o que envolveu a dupla no último episódio serviu apenas para distanciar ainda mais Ellie do “sangue nos olhos” e a vingança que tanto queremos ver. E por mais adolescente que ela seja, é inadmissível em meio a tudo o que haviam acabado de viver no metrô de Seattle que a protagonista reaja com tamanha naturalidade e felicidade à notícia traga por Dina.
Bem, eu precisava trazer essa introdução para elogiar as escolhas da série a seguir, começando com Dina sendo “obrigada” a puxar Ellie pra realidade, o que eu particularmente não esperava. Ela ainda deixa nas mãos da protagonista a escolha de seguir ou não ao seu lado, mas deixando claro também que sabe dos perigos que estão por vir, mas que qualquer consequência disso é sua responsabilidade e não de Ellie.

Esse diálogo tem como objetivo romper uma “cortina de tranquilidade” e nos preparar para quem sabe uma futura perda e nos deixa preocupados com o futuro da amada de Ellie – eu mesmo não tenho informações suficientes do game para saber qual será o desfecho de Dina. Outra cena que busca trazer esse rompimento e até mesmo nos “engana” é quando, ainda no teatro, Ellie pega um violão e nos faz pensar que teríamos mais uma bela – porém agora desnecessária – cena de apreciação, porém Ellie rapidamente se sente mal ao lembrar de Joel e larga o instrumento. Aqui, Bella Ramsey nos passa o sentimento necessário, sem expressar uma palavra sequer.
Bem vindos a… Silent Hill?
Como citei anteriormente, o episódio 5 foi responsável por nos apresentar os “esporos”, elemento esse que ajuda a trazer uma atmosfera ainda mais obscura e macabra aos cenários de The Last of Us, mais especificamente o subsolo de Seattle.
Na realidade, a partir do momento em que perdemos a luz do dia um clima sombrio toma conta da fotografia, que me remeteu rapidamente aos jogos da franquia “Silent Hill” – que provavelmente está entre as inspirações para a criação do material original nos videogames.
Todo esse clima e os esporos no ar – que me remeteram à nevoa do clássico jogo de terror – ajudam nesse objetivo e fazem com que realmente possamos sentir medo junto às protagonistas, o que chega ao ápice quando o agora casal encontra nada menos que um grupo com cerca de uma dezena de espreitadores, os infectados possivelmente mais perigosos apresentados até o momento, principalmente quando não estão sós.
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A inocência irritante perdura, mas agora há consequências
Em meio a esse cenário perturbador temos duas jovens, uma delas grávida, claramente despreparadas para o desafio. Contra a pequena horda de espreitadores, se não fosse a chegada inesperada de Jesse (Young Mazino) ambas estariam muito provavelmente mortas, frutos da displicente e inocente escolha de seguir em frente contra um exército preparado, chegando a um possível fim antes mesmo de encontra-lo. Resultado: Dina termina com uma flecha na perna e carregada por Jesse, enquanto Ellie serve com isca para os perigosos Serafitas.

Na selva é matar ou morrer
Encurralados, o agora trio se vê dentro da área do grupo de fanáticos religiosos Serafitas, dispostos a matar qualquer “lobo” que invada seu território. Em meio a um cenário magnífico gravado em um tradicional parque do Canadá, a ação da fuga anterior encontra a brutalidade e o risco, que também desagua na decisão de Ellie em deixar a preocupação com Ellie e Jesse pra trás e ir sozinha atrás de Nora (Tati Gabrielle), mais uma escolha impulsiva e imprudente, mas que condiz com a vingança que externaliza buscar.

Bella Ramsey recebe a Ellie que merece
Por fim, Ellie encontra Nora no hospital de Seattle, enfim confrontando o primeiro membro do grupo que matou Joel. Para a protagonista esse encontro é simbólico, pois se trata de quem a segurou e obrigou a assistir a morte de seu pai adotivo. Ainda assim, ela mantém o foco e busca arrancar a qualquer custo da ex-vagalume onde está Abby (Kaitlyn Dever).
Não há o que criticar na cena final, onde as duas se encontram no subsolo infectado por esporos. A ambientação e iluminação – ou falta dela – trazem o clima de terror necessário a agora um fria Ellie, brilhantemente interpretada por Bella Ramsey. Imune, a protagonista passa a linha do humano e está disposta a torturar sua vítima em busca informação necessária, logo após revelar saber o que Joel fez e não se importar com isso.

The Last of Us retorna no próximo domingo (18/05) para o seu quarto episódio que, ao menos pelas prévias disponibilizadas até então, promete dar a Pedro Pascal a despedida que ele merece como Joel e trazer respostas sobre o que se passa na mente de Ellie, tudo por meio de um necessário flashback. O ritmo da narrativa, porém, pode voltar a sofrer com essa escolha, mas isso só saberemos daqui a uma semana…
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