TIEBREAK

Review | Tiebreak: The Official Game of the ATP and WTA tem muito a evoluir no futuro

Pouco ouvi falar de Tiebreak: The Official Game of the ATP and WTA antes de já ter o jogo em mãos. Confesso que me causou estranheza ver um marketing praticamente nulo sobre ele, que se vende como oficial da ATP (Association of Tennis Professionals ou Associação de Tenistas Profissionais) e WTA (Women’s Tennis Association ou Associação de Tênis Feminino), como o próprio nome sugere.

Desenvolvido pela Big Ant Studios e publicado pela Nacon, Tiebreak chega com a ambição de se tornar o FIFA do tênis, contando com um total de 124 atletas oficiais, tanto masculinos quanto femininos, incluindo os brasileiros Bia Haddad Maia, Thiago Wild e Thiago Monteiro, que vêm se destacando no tênis atual.

Obs: Essa análise foi realizada com código cedido pela Nacon.

A tentativa de inovar os jogos de tênis

Tênis é um esporte que não é tão popular no Brasil, principalmente após a falta de brasileiros no topo depois de Gustavo Kuerten, o Guga. Mesmo assim, nos games, já tivemos jogos que se tornaram clássicos, como TopSpin — que retornou após vários anos de hiato — e Virtua Tennis.

Porém, diferente do trabalho que a Big Ant Studios vinha fazendo com AO Tennis, Tiebreak foca muito mais na simulação. Esse foco, claro, pode afastar novos jogadores devido ao alto nível de domínio exigido para acertar jogadas, movimentar o atleta na quadra, etc. É um caminho bem diferente de TopSpin, por exemplo.

Por ser um jogo licenciado, temos mais de 100 torneios oficiais, em diversas localidades, incluindo até mesmo no Brasil. Isso é, de longe, um dos pontos mais positivos do jogo, ao lado da quantidade de atletas licenciados. Entretanto, devido a questões de licenciamento, os quatro principais torneios de Grand Slam não aparecem com seus nomes oficiais.

Apesar da ausência dos Grand Slams de forma oficial, Tiebreak não faz feio, praticamente replicando todas as quadras com visual idêntico ao real. O nível de detalhe dos cenários proporciona uma imersão impressionante para qualquer fã do esporte. E essa atenção ao detalhe não para nas quadras, estendendo-se à replicação precisa de cada atleta, incluindo até os rituais de saque e os famosos grunhidos durante os golpes na bola.

Crie sua própria lenda ou escolha uma

Como de costume em jogos do gênero, Tiebreak conta com o modo carreira, que se torna a melhor escolha para jogadores que preferem se aventurar no modo single player. Nele, você pode escolher um dos atletas oficiais ou criar o seu próprio jogador, com um sistema de personalização que, embora não seja tão profundo quanto em jogos de RPG, permite boas customizações de rosto, corpo, etc.

No modo carreira, temos a liberdade de selecionar o calendário, ou seja, escolher os torneios nos quais vamos participar. Entre esses eventos, podemos optar por treinar ou descansar, para recuperar a barra de vigor — uma mecânica presente em outros jogos de tênis.

O objetivo do modo carreira é semelhante à vida real: jogamos diversos torneios, ganhando ou ao menos tentando, somando pontos no ranking da ATP ou WTA para chegar ao topo. Em outras palavras, podemos tentar reproduzir os feitos de Novak Djokovic no videogame, quem sabe até conquistando seus 24 títulos de Grand Slam.

O modo carreira também inclui mecânicas como melhorar o transporte e contratar um preparador físico. Além disso, nosso tenista tem um nível que aumenta conforme vencemos partidas, tornando-se assim um jogador mais experiente. No geral, tudo é bastante completo e fácil de entender, mesmo para quem não é familiarizado com o esporte.

Jogabilidade pode não ser atrativa aos novatos

Como mencionei anteriormente, Tiebreak busca uma simulação mais realista, ao contrário de outros concorrentes. No começo, achei a ideia interessante: rebater a bola depende do posicionamento e da força aplicada, sendo necessário segurar o botão do controle por mais ou menos tempo para definir a força. Essa mecânica está bem implementada, mas com o tempo, torna-se frustrante, pois você acaba desejando algo mais casual.

Os tutoriais do jogo são muito úteis, com lições básicas e avançadas. Claro, eles não representam a mesma experiência de um jogo contra a IA ou outro jogador real, mas explicam o básico do tênis, o que é uma vantagem até para quem não acompanha o esporte. No entanto, essa facilidade se desfaz rapidamente quando entramos em uma partida real.

Infelizmente, ao jogar contra a IA, os problemas começam a aparecer. O que parecia ser um jogo acessível para novatos, se transforma em uma dor de cabeça, principalmente pela dificuldade desbalanceada. Jogando na dificuldade normal, senti que a IA acertava quase todas as jogadas e fazia aces nos saques com facilidade.

A princípio, pensei que era falta de prática, mas mesmo depois de várias partidas, a dificuldade continuava exagerada. Quando reduzi o nível de dificuldade, o jogo ficou tão fácil que parecia que a IA havia sido desligada.

Na dificuldade fácil, o jogo se torna sem graça, pois a IA adversária raramente responde às jogadas, ficando parada ou sem tentar revidar saques. No nível mais difícil, o jogo vira uma competição entre um tenista profissional e um amador, com a IA cometendo zero erros e prevendo jogadas antes mesmo de serem feitas.

Problemas a serem solucionados

Tiebreak requer uma série de atualizações e correções, especialmente em relação à IA desbalanceada. O modo online também precisa de ajustes, já que é um dos favoritos dos jogadores em qualquer jogo com essa funcionalidade.

Recebi Tiebreak cerca de três dias antes do lançamento oficial, então sabia que seria difícil encontrar partidas online. Após o lançamento, consegui encontrar algumas, mas a experiência foi prejudicada por lags, travamentos e perda de conexão, mesmo com uma internet estável.

Outro problema que mesmo dias após o lançamento, ainda tem sido visível no jogo, é a falta de tradução de algumas coisas. Tiebreak conta com legendas em PT-BR, porém, vários textos nos menus ou de legendas durante as coletivas de imprensa, aparecem em inglês.

Esses são detalhes que, com o tempo, o estúdio terá que corrigir para tornar Tiebreak um jogo mais completo e competitivo no gênero. Felizmente, a Big Ant Studios já demonstrou empenho, lançando pequenos patches desde o lançamento, em 22 de agosto.

Tiebreak vale a pena?

Se Tiebreak tivesse sido lançado sem problemas no modo online e com uma dificuldade balanceada, eu recomendaria o jogo a qualquer fã de tênis. Infelizmente, essa não é a realidade atual, e o jogo ainda precisa de melhorias para se tornar uma experiência realmente atrativa e divertida.

No entanto, é um passo importante para o futuro dos jogos de tênis, um mercado que tem sido pouco explorado nos últimos anos. Agora, só nos resta torcer para que as melhorias venham e que o jogo tenha um futuro promissor.

Outras reviews:

Amante de Games desde criança e viciado em caçar platinas. Profissional de TI nas horas vagas. Você me encontra no X: @gennerdouglas