Bridgerton

Crítica | 3ª temporada de Bridgerton volta com romance sensual e histórias paralelas irrelevantes

Sempre um prazer, nunca uma tarefa: Bridgerton está de volta! Para aqueles que não conhecem os Bridgertons são uma família da alta sociedade vivendo e prosperando em Londres dos anos 1800. O “Ton”, como é conhecido o conjunto da classe alta, é um mercado de casamentos, que os Bridgertons estão sempre presentes. Com oito filhos, há muitas oportunidades para a família progredir – e há muitas oportunidades para a Netflix extrair material de seus personagens com espartilhos. No entanto, ao retornar após uma ausência de dois anos, será que parte do encanto dos Bridgertons se dissipou?

Sabemos desde a 1ª temporada que Penelope Featherington (Nicola Coughlan) tem uma paixão intensa por seu amigo Colin Bridgerton (Luke Newton). E Colin era, indiferente quanto a ela, somente a vendo como a amiga estranha da sua irmã. Penelope passou com dificuldade por algumas temporadas nesse mercado de casamentos, mas está começando a temer que as incertezas da herança a deixem à mercê de suas irmãs terríveis, então ela tem como objetivo nessa temporada encontrar um marido custe o que custar. Colin, por sua vez, está retornando de uma turnê pela Europa que parece ter sido bastante aventureira e carnal, e ele se encontra sendo a sensação do momento quando chega. No entanto, Penelope não está tão feliz em vê-lo, pois ouviu ele dizer em uma festa na temporada passada, esclarecendo para seus amigos desagradáveis que nunca — nunca, nunca, jamais — pensaria em cortejá-la.

Enquanto tentam se reconciliar, os dois elaboram um plano em que Colin a ajudará a aprender a ser charmosa para atrair homens, embora todos sejam muito vagos sobre o que isso realmente significa, e nunca o vemos realmente fazer isso — Além disso, Penelope já é muito charmosa! Então, seja menos, Colin. Penelope também se dá o que todo espectador ou leitor de romances reconhecerá como a transformação reveladora, que já transformou tantas supostas meninas tímidas em mulheres deslumbrantes. Será que Colin começará a vê-la de maneira diferente? Ver outros homens responderem a ela de maneira diferente despertará… sentimentos?

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Durante duas temporadas, já vimos Nicola Coughlan brilhar muito, mas nesta terceira, ela se tornou a melhor coisa que a temporada tem a seu favor. Cativante e engraçada desde a primeira temporada, Penelope é uma das personagens mais interessantes de Bridgerton, não apenas por sua paixão por Colin, mas também por suas aventuras como a colunista de fofocas secreta Lady Whistledown, uma atividade paralela que fraturou seu relacionamento com sua melhor amiga (e irmã de Colin), Eloise. 

A dinâmica entre Colin e Penelope é um ponto positivo, mesmo sendo um clichê, não perdeu o ápice de seu apelo centenário. Isso se deve em parte à atuação de Nicola e à forma como os outros personagens ao redor sentem o romance dos dois aflorar. Qualquer personagem e espectador sensato quer o melhor para Penelope, o que torna mais fácil investir na temporada de romance dela, porém, para isso funcionar ainda melhor, Colin está precisando de um pouco mais de… vigor.

Nos livros em que Bridgerton se baseia, você ouve os pensamentos dos personagens e, assim, tem vislumbres dos sentimentos mutáveis de Colin sobre Penelope. No entanto, parece que Luke Newton (Colin) não consegue transmitir de forma tão clara todo esse amor ardente por Penelope, que o faz mudar sua própria visão do que acreditava. Além disso, não está claro se Colin, apesar de ser um irmão Bridgerton muito cobiçado, é bom o suficiente para ela. Penelope é uma escritora inteligente, apaixonada e talentosa. Colin é… um homem bonito que escreveu um diário durante suas férias. Quais são os interesses de Colin? Ele tem hobbies, além de ser admirado pelas mulheres (e odiar Lady Whistledown)? Bridgerton poderia ter servido a melhor temporada se tivesse dedicado um pouco mais de tempo a desenvolver Colin como uma pessoa, além do fato de Penelope o admirar, e explicar por que ela ainda o faz.

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Porém, os criadores da série, em vez de tentar dar mais vida a Colin, desperdiçam tempo desenvolvendo personagens que não fazem diferença nas histórias principais e nem mesmo aparecem no livro. Há coisas demais acontecendo a todo momento, com vários personagens, e se Colin e Pen têm 10 minutos de interação em cada episódio, é muito. Durante a temporada, vemos uma trama paralela com a irmã de Colin, Francesca, também entrando no mercado de casamentos; há a amizade rompida de Eloise com Penelope e sua nova amizade com a nada confiável Cressida Cowper; há a luta de Lady Featherington para manter sua propriedade; há as irmãs de Penelope tentando engravidar; há o caso um tanto opaco de Benedict Bridgerton (como sempre, o show desperdiçando um personagem incrível com histórias que nada têm a acrescentar em seu desenvolvimento), temos o Will, um ex-boxeador e agora dono de um bar, tentando se inserir na alta sociedade. E, claro, a Rainha continua obcecada em desmascarar Lady Whistledown.

Acho que o maior problema não é o desenvolvimento de algo além do casal; a série precisa de coadjuvantes, seria maçante ver sempre sobre o mesmo. No entanto, os coadjuvantes deveriam ser relevantes para a trama principal. As finanças de Lady Featherington na temporada passada, os dramas da vida de Cressida e as questões completamente desinteressantes de Will não acrescentam nada à série e só a tornam chata. É ainda mais frustrante pensar sobre isso quando vemos o quanto esses momentos poderiam ser usados para desenvolver Colin e até mesmo outros irmãos, como Benedict e a nova vida de casados de Anthony e Kate. É frustrante ver tanto potencial desperdiçado.

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Bridgerton. (L to R) Hannah Dodd as Francesca Bridgerton, Nicola Coughlan as Penelope Featherington in episode 301 of Bridgerton. Cr. Laurence Cendrowicz/Netflix © 2024

Para mais coisas frustrantes, na verdade, insuportáveis, os diálogos da série continuam curtos e sem muito desenvolvimento das conversas para pensamentos mais profundos. Os personagens conversam apenas o básico para que a trama avance; nesses momentos, Colin poderia expressar seus sentimentos, mas infelizmente ele tem pouquíssimas conversas que mostram essa evolução do personagem. Por último, nas reclamações, gostaria de mencionar as músicas usadas nesta temporada como péssimas escolhas. São simplesmente fan services e músicas que muitas vezes não têm a ver com o clima da cena, e que são tão absurdas que, mesmo no instrumental, você é tirado da vibe da série.

Uma última menção positiva para as performances de Ruth Gemmell e Polly Walker como as mães intrometidas dos clãs Bridgerton e Featherington, que dão ao show sua substância. Em vez das conversas interminavelmente entediantes e dos desenvolvimentos de enredo agonizantemente lentos dos dramas de época antigos, Bridgerton é vibrante e ágil.

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Por enquanto, continuamos fascinados com o mercado de casamentos, uma premissa que se renova a cada temporada e cujo apelo é eterno, e claro, esperando pela segunda parte da série que sai no dia 13 de junho. Ao mergulharmos na terceira temporada, os encantos do show ainda são cegamente óbvios, e seus defeitos podem ser ignorados. Assim como os casais apaixonados que segue, a fase de lua de mel de Bridgerton está longe de acabar.

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