The Moon: Sobrevivente é uma produção que se propõe a explorar os limites da condição humana no contexto de uma luta pela sobrevivência em um cenário lunar desolador. A cena de abertura já é impressionante. Ao apresentar um astronauta isolado na Lua, enfrentando não só as dificuldades de um ambiente inóspito, mas também as questões psicológicas associadas à solidão extrema. O filme estabelece, desde o início, uma atmosfera de tensão existencial, com a vastidão da Lua funcionando como um reflexo físico da condição interior do protagonista.
Hwang Seon-woo (Do Kyung-soo) é o personagem central. Ele precisa persistir, sozinho, em sua missão ao se deparar com o objetivo de sobreviver e voltar para casa salvo. Junto de Jae-guk (Sul Kyung-gu), eles precisam conduzir a nave nesse retorno, mas os desafios que aparecem ultrapassam suas capacidades e isso gera grande tensão. A ficção científica de Kim Yong-hwa é um ganho que prende o espectador no início, principalmente com esse cenário de corrida espacial, semelhante ao ocorrido nos anos 60, entre Estados Unidos e União Soviética.
A direção de arte e os efeitos visuais conseguem capturar a grandiosidade e o desamparo do ambiente, usando o vazio do espaço como metáfora para o vazio emocional que o personagem principal sente. A beleza da paisagem, majestosa e cruel, parece constantemente lembrar o protagonista de sua insignificância frente ao cosmos e essa é uma das qualidades que o filme faz questão de ressaltar principalmente ao dispor do desespero sem necessariamente colocá-lo em palavras. No entanto, a imensidão do cenário também reflete o maior problema da narrativa: a falta de profundidade e complexidade no desenvolvimento do personagem.
A solidão é uma das temáticas centrais, no entanto também se dá de forma contraditória com a exploração psicológica do personagem de forma rasa e pouco envolvente. Embora a produção busque trabalhar com a ideia do isolamento extremo, o filme acaba se perdendo em sequências de ação e momentos dramáticos que não aprofundam a condição emocional do protagonista de maneira satisfatória. O que poderia ser um estudo íntimo e introspectivo sobre o ser humano frente à adversidade se transforma em um desfile de situações previsíveis que apenas servem para sustentar a tensão superficial da trama.
A superfície da narrativa: um enredo que não decola
Se o filme se apoia em um conceito visual e atmosférico interessante, seu enredo é onde realmente falha. A história se desenvolve de forma linear e, em certos pontos, quase automática, com reviravoltas previsíveis que descredibilizam a proposta inicial.
O protagonista, interpretado por um ator que faz o possível com o material disponível, enfrenta uma série de desafios técnicos e existenciais, mas a narrativa não consegue aproveitar plenamente as oportunidades de desenvolvimento. Cada obstáculo enfrentado pelo personagem parece ser resolvido de maneira rápida demais, como se o filme estivesse mais interessado em manter o ritmo acelerado do que em explorar as implicações emocionais e filosóficas das situações que ele enfrenta.
O que poderia ser um thriller psicológico sobre o isolamento no espaço, com dilemas éticos e existenciais, se transforma em uma sequência de momentos tensos sem grande substância. O filme se perde, ainda, em diálogos que tentam, sem sucesso, tornar o protagonista mais profundo, mas acabam apenas confirmando sua previsibilidade. A falta de desenvolvimento emocional faz com que, no final, a jornada do personagem se torne impessoal, e a ideia de sobrevivência – que deveria ser o centro da trama – se esvazie de sentido.
O que procura salvar essa perspectiva é a dimensão da fotografia, principalmente pela técnica IMax que transpassa uma realidade convicta imergindo o telespectador que assiste nos cinemas e impressionando os que assistem em casa e podem apreciar uma imagem de grande qualidade. Isso tudo colabora com o clima de catástrofe, essa verossimilhança também dá um gás especial para a narrativa que colhe frutos interessantes por ser uma ficção pautada em situação de impacto.
The Moon: O Sobrevivente é, portanto, uma obra visualmente competente, mas falha em seus aspectos narrativos e emocionais. O filme começa com uma grande promessa, mas não consegue entregar um estudo verdadeiramente profundo sobre a solidão e a resistência humana diante do vazio, seja físico ou psicológico. Apesar disso, a narrativa explora bem o contexto de aventura e desespero com o auxílio técnico e o fomento do desespero proveniente da própria história.
Leia mais:
Deixe uma resposta