Ranking da Era Ncuti Gatwa em Doctor Who: do pior ao melhor episódio

O Conecta Geek acompanhou de perto cada passo da curta, mas marcante trajetória de Ncuti Gatwa como o 15º Doutor em Doctor Who. A nova fase da série britânica trouxe episódios variados, desde musicais cósmicos a dramas existenciais envolvendo penteados, e atraiu tanto veteranos quanto novatos para a TARDIS. Agora, em clima de retrospectiva, ranqueamos todos os episódios protagonizados por Gatwa — do menos impactante ao mais memorável. Vale ressaltar que essa lista não está sendo baseada em nenhum tipo de agregador de notas, mas sim de acordo com quem vos escreve, que escreveu semanalmente sobre cada episódio dessa nova fase da série.

14 – Mundo dos Desejos/A Guerra da Realidade

Crítica | Doctor Who 2x7: Série prepara um fim de temporada que pode mudar tudo (mais uma vez)
BBC/Divulgação

Mundo dos Desejos e A Guerra da Realidade formam um único arco narrativo que encerra, de forma polêmica, a jornada do 15º Doutor, vivido por Ncuti Gatwa. Separar esses episódios seria ignorar o fato de que um depende do outro — o primeiro prepara o terreno e o segundo tenta (sem muito sucesso) concluir a trama. Em Mundo dos Desejos, a volta da personagem Rani, interpretada por Archie Panjabi, parecia promissora: uma cientista egoísta, disposta a reescrever o universo segundo sua própria lógica. A estética visual e o conceito de um planeta onde os desejos moldam a realidade trouxeram possibilidades criativas e intrigantes, apesar de um ritmo arrastado e excesso de subtramas.

Já em A Guerra da Realidade, o que deveria ser uma resolução épica desmorona em decisões apressadas e simplificações que frustram até os fãs mais pacientes. O vilão Omega, figura lendária da mitologia da série, é reduzido a um antagonista genérico e mal aproveitado. Participações especiais como a da 13ª Doutora (Jodie Whittaker) e da possível 16ª Doutora (Billie Piper) surgem sem contexto convincente (mas eu, como fã, gostei, tá?), enquanto mistérios como o de Poppy e a birregeneração são resolvidos de maneira superficial. Apesar da trilha sonora envolvente e dos belos figurinos, o arco final sofre com um roteiro infantilizado e uma falta de direção clara, encerrando a era Gatwa com mais ruído do que glória.

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13 – Império da Morte/A Lenda de Ruby Sunday

Crítica | Doctor Who 1×08 – Império da Morte marca a maravilhosa estreia de Ncuti Gatwa – até o final
BBC/Divulgação

Os finais de temporada foram, sem dúvida, os grandes problemas da Era Ncuti Gatwa em Doctor Who — e os episódios A Lenda de Ruby Sunday e Império da Morte ilustram perfeitamente essa fragilidade. Tratam-se de capítulos inseparáveis, funcionando como duas metades de um mesmo arco narrativo, que prometia encerrar a temporada com impacto emocional e mitológico — mas que tropeça nas próprias ambições. Em A Lenda de Ruby Sunday, RTD arma um tabuleiro instigante: a UNIT investiga a origem de Ruby, o misterioso padrão envolvendo Susan Twist finalmente aponta para algo maior, e o antigo vilão Sutekh — dublado novamente por Gabriel Woolf, quase 50 anos após sua estreia — é revelado como a força sombria por trás de toda a temporada. A direção capricha na estética e o tom gradualmente se transforma de leve para sombrio, culminando num cliffhanger forte que sugere um final apoteótico.

Mas o que se entrega em Império da Morte é o oposto do que se prometeu. O episódio final sofre com resoluções apressadas, diálogos simplistas e um desrespeito ao próprio legado que construiu. Sutekh, uma entidade mitológica com potencial devastador, é derrotado de forma anticlimática; personagens como Ruby, sua mãe, e a vizinha misteriosa (Anita Dobson) são reduzidas a figuras sem desfecho digno, mesmo após uma temporada inteira de construção. O reencontro de Ruby com sua mãe biológica é o único momento emocional que realmente funciona, mas o restante do episódio mergulha em soluções fáceis e descartáveis. A sensação final não é de encerramento, mas de frustração — como se a série tivesse reunido as peças certas apenas para desperdiçá-las no momento decisivo.

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12 – Bebês do Espaço

Crítica | Doctor Who - 1x02 bebês espaciais caminhando na linha tênue entre o sublime e o ridículo
(Foto: Reprodução/BBC)

Bebês do Espaço marcou um ponto de virada definitivo em Doctor Who, sendo o verdadeiro início da “Nova-Nova Série” sob co-produção da Disney, com novos tons, ritmos e prioridades. Mais do que uma simples aventura, o episódio funciona como uma introdução simbólica e prática à nova era do 15º Doutor (Ncuti Gatwa) e de sua companheira Ruby Sunday (Millie Gibson), trazendo uma fábula sci-fi leve, quase infantil, onde bebês falantes e uma estação espacial abandonada servem como pano de fundo para discutir temas de pertencimento, cuidado e começo de jornada.

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12 – Revolução Robô

Crítica | Doctor Who 2×1 – Doutor e a revolução dos incels
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Revolução dos Robôs abre a 2ª temporada de Doctor Who com uma mistura vibrante de ação espacial, crítica social e apresentação de uma nova companion: Belinda Chandra, vivida com energia por Varada Sethu. Sequestrada por robôs vermelhos que a confundem com sua rainha ancestral, Belinda é levada ao planeta Missbelindachandraum, onde humanos e máquinas travam uma guerra marcada por traumas do passado e imposições de poder. O episódio, escrito por RTD, confronta temas como inteligência artificial, machismo estrutural e identidade feminina em meio a uma trama que oscila entre o brilhante e o bizarro.

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11 – Joy para o Mundo

Doctor Who | Disney+ divulga trailer do especial de Natal com Ncuti Gatwa e Nicola Coughlan
Disney+/Divulgação

Em Joy Para o Mundo, especial de Natal escrito por Steven Moffat, o 15º Doutor se vê em meio ao luxuoso — e enigmático — Hotel do Tempo, no ano de 4202, onde cruza caminhos com duas possíveis novas companheiras enquanto lida com as artimanhas da Villengard Corporation, agora reimaginada como uma força sutil e manipuladora. Com ambientação encantadora, humor afiado e um roteiro que alterna leveza natalina com mistério sci-fi, o episódio brilha especialmente graças às performances de Nicola Coughlan como Joy, cuja presença ilumina o episódio tanto literal quanto simbolicamente, como da Steph de Whalley, que interpreta a queridíssima Anita.

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10 – O Som do Diabo

Crítica | Doctor Who – 1×02 O Som do Diabo é a série no seu explendor
(Foto: James Pardon//BBC Studios)

Em O Som do Diabo, o 15º Doutor e Ruby enfrentam Maestro, uma deidade caótica e herdeira do Toymaker, que ameaça apagar a música da humanidade ao dominar as vibrações sonoras com um trítono demoníaco. Ambientado em um estilizado anos 60 e mergulhado em referências musicais, o episódio equilibra com sucesso drama, humor e espetáculo sonoro, oferecendo momentos marcantes como o duelo instrumental entre Doutor e vilã — brilhantemente interpretada por Jinkx Monsoon. Apesar de um número musical final mal encaixado, que levanta dúvidas sobre a própria natureza da realidade na série, o episódio entrega uma trama envolvente, um vilão memorável.

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9 – Ladino

Crítica | Doctor Who 1x06 - eu também quero brincar de Bridgerton
(Foto: Divulgação/BBC)

Ladino leva o 15º Doutor e Ruby à Inglaterra de 1813, em uma aventura que flerta com o estilo de “Bridgerton” enquanto mistura romance histórico, invasão alienígena e um toque de comédia fantasiosa. A trama gira em torno dos Chuldur, metamorfos assassinos infiltrados na alta sociedade, e da chegada de Rogue (Jonathan Groff), um caçador de recompensas misterioso que rapidamente chama a atenção — e os corações — do Doutor. Mesmo que o episódio careça de coesão entre suas ideias e falhe ao equilibrar suas várias linhas narrativas, ele entrega momentos marcantes, como o primeiro beijo romântico do Doutor com outro homem, e a icônica cena do Doutor dançando ao som de “Can’t Get You out My Head”, da Kylie Minogue.

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8 – Dia de Sorte

Crítica | Doctor Who - 2x4: Ruby enfrenta os monstros da fake news e do discurso de ódio
BBC/Divulgação

Em Dia de Sorte, Doctor Who entrega um de seus episódios mais densos e politicamente relevantes, ao confrontar a desinformação, o negacionismo e o culto à personalidade em um thriller sci-fi de atmosfera claustrofóbica e emocionalmente carregada. Quando Ruby Sunday concede uma entrevista a um podcast sobre sua experiência com o Doutor e a UNIT, ela se vê no centro de uma conspiração alimentada por Conrad (Jonah Hauer-King), um influenciador carismático e paranoico, cuja admiração pelo Senhor do Tempo se transforma em ódio messiânico.

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7 – O Festival Interestelar da Canção

Crítica | Doctor Who – 2×6: Espetáculo e melancolia cósmica
BBC/Divulgação

Em O Festival Interestelar da Canção, Doctor Who disfarça uma bomba emocional e política sob o brilho colorido de um Eurovision cósmico, apenas para revelar, entre acordes e vinganças, um dos maiores segredos da temporada: a Sra. Flood é, na verdade, a Rani — agora com duas encarnações ativas. Enquanto o Doutor e Belinda tentam apenas voltar para 2025, eles se veem no meio de uma trama de genocídio corporativo, terrorismo performático e diplomacia em ruínas, onde a música é tanto arma quanto denúncia.

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6 – Ponto e Bolha

Crítica | Doctor Who - 1x05: dane-se a crítica à dependência virtual, Ponto e Bolha é sobre racismo
(Foto: Divulgação/BBC)

Em Ponto e Bolha, Doctor Who mergulha numa crítica feroz à alienação digital e ao elitismo contemporâneo ao acompanhar o 15º Doutor e Ruby enquanto tentam salvar jovens ultra-ricos aprisionados em bolhas tecnológicas numa colônia intergaláctica dominada por telas, filtros e preconceito. O episódio, escrito por RTD, parte de uma sátira sobre vício virtual para se transformar em uma poderosa alegoria sobre racismo, classismo e negação da alteridade, culminando em um dos desfechos mais duros da série desde 2005. Com direção sensível, estética brilhante e uma protagonista convidada (Callie Cooke) que nos prende do início ao fim, o capítulo entrega um comentário social forte — e necessário — sobre o custo da ignorância e da arrogância travestidas de civilidade.

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5 – Lux

Crítica | Doctor Who - 2x2: Lux é uma brincadeira metalinguística com a luz
BBC/Divulgação

Em Lux, a série transforma um cinema de 1952 no palco de uma ousada mistura entre live-action e animação, ao colocar o 15º Doutor e Belinda Chandra diante de Mr. Ring-A-Ding — um deus da luz que salta da tela e desafia os limites entre realidade e ficção. Com estética retrô, humor autorreferencial e uma crítica ao poder alienante (ou libertador) da arte, o episódio dirigido por Amanda Brotchie e escrito por RTD homenageia a própria história da série enquanto provoca fãs e personagens a enfrentarem suas obsessões e nostalgias. Divertido, provocador e tecnicamente arrojado.

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4 – Boom

Crítica | Doctor Who – 1×03: com 'Boom', Steven Moffat escreveu outro clássico
(Foto: Reprodução/BBC)

Escrito por Steven Moffat, Boom prende o Doutor sobre uma mina explosiva — literalmente. Cada movimento pode ser o último. Em meio à tensão, uma criança e um sistema médico automatizado tornam a situação ainda mais delicada. Gatwa mostra domínio absoluto da emoção contida, mas o episódio depende quase inteiramente de diálogos intensos, o que pode cansar alguns espectadores. É um drama de câmara com ambição, mas menos impacto que o esperado de Moffat.

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3 – A História e o Motor

Crítica | Doctor Who - 2x5: Cabelo, tempo e as histórias que nos trançam
BBC/Divulgação

Em A História e o Motor, o 15º Doutor aterrissa numa barbearia mágica em Lagos, na Nigéria, que se revela uma nave movida a narrativas — onde cada história contada pelos clientes aprisionados alimenta um motor que os leva por entre dimensões e memórias ancestrais. Escrito por Inua Ellams e dirigido por Makalla McPherson, o episódio mergulha na tradição oral africana com lirismo e inventividade visual, misturando ficção científica, misticismo e crítica sobre o poder das histórias como combustível cultural e existencial. Com uma atmosfera rica em simbologia, participações marcantes (como o cameo da Doutora Fugitiva) e um Doutor em crescente amadurecimento emocional. Um episódio encantador, reafirmando o valor da narrativa enquanto chave para o passado, o presente e o mistério do bloqueio temporal de 2025.

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2 – O Poço

Crítica | Doctor Who – 2×3: O Poço traz horror cósmico e revisita o medo do invisível
BBC/Divulgação

Em O Poço, o 15º Doutor e Belinda se veem no coração de um mistério aterrador no século 5020, quando se unem a uma equipe militar para investigar uma base silenciosa — e descobrem, nas profundezas de um planeta inóspito, o retorno de uma criatura que não quer ser vista, em um poderoso eco do clássico “Midnight”. Dirigido com maestria por Amanda Brotchie e com um roteiro de RTD e Sharma Angel-Walfall, o episódio equilibra tensão claustrofóbica, construção de personagens e uma mitologia crescente sobre o bloqueio da Terra, o papel da Sra. Flood e os mistérios em torno de Belinda. Com atuações impactantes, destaque para Ncuti Gatwa e Rose Ayling-Ellis, O Poço ampliou a densidade emocional e temática da temporada, enquanto mergulha em camadas sombrias da psique do Doutor, mostrando que há horrores ainda maiores do que o silêncio — como as histórias não contadas que moldam o futuro.

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1 – 73 Jardas

Crítica | Doctor Who – 1×04: 73 Jardas e uma nova garota abandonada
(Foto: Reprodução/BBC)

Em 73 Jardas, RTD entrega um dos episódios mais ousados e assombrosos de Doctor Who, combinando terror, fantasia e ficção científica com uma estrutura narrativa enigmática e visualmente marcante. Quando o Doutor acidentalmente destrói parte de um Círculo de Fadas, ele desaparece da linha do tempo, deixando Ruby Sunday sozinha para enfrentar uma figura sinistra que a persegue a exatos 66,7 metros de distância — e cuja presença silenciosa é capaz de enlouquecer todos ao redor. Com uma atmosfera que evoca “Além da Imaginação” e “Black Mirror”, o episódio se desenrola como um mito sombrio, explorando superstição, destino e o papel oculto de Ruby em uma guerra cósmica invisível. Millie Gibson brilha intensamente, conduzindo a narrativa com força dramática rara, enquanto a direção estilizada e a trilha sonora de Murray Gold elevam o impacto emocional. Sem explicações mastigadas ou saídas fáceis, 73 Jardas é uma obra que assusta, encanta e reverbera — e que, para mim, já figura entre os grandes episódios da série, daqueles que só crescem com o tempo.

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Todos os episódios da Era Gatwa estão disponíveis no Disney+.

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Resultado de uma experiência alquímica que envolvia gibis, discos e um projetor valvulado. Editor-chefe, crítico, roteirista, nortista e traficante cultural.